Jornal Estado de Minas

MORO

Moro diz que ajudou a enviar gravação contra juiz da Lava Jato

O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos-PR) usaram suas redes sociais nesta terça-feira (23/5) para comentar o afastamento do juiz Eduardo Appio, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Operação Lava Jato no Paraná.





O afastamento foi determinado na segunda-feira (22/5) pela corte especial administrativa do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), ao tomarem conhecimento de uma suposta ligação feita por Appio em abril ao filho do ex-relator da Lava Jato Marcelo Malucelli, na qual o juiz de primeira instância fingia ser outra pessoa. Appio não se manifesta sobre o caso.


"Nunca tinha ouvido falar, na história judiciária brasileira, de um caso no qual o juiz de um processo teria ligado ao filho de um desembargador, que revisava suas sentenças, fingindo ser uma terceira pessoa para colher dados pessoais e fazer ameaças veladas. Realmente…", escreveu Moro, que foi o juiz responsável pela Lava Jato até 2018.





Já sabia da gravação

 


Em entrevista à GloboNews durante a tarde, Moro disse que já sabia da gravação e que ajudou no envio do caso ao tribunal para investigação.


A filha de Moro é namorada do filho de Marcelo Malucelli, o advogado João Eduardo Barreto Malucelli.

 

 


"Eu fiquei a par desta gravação, quando a ligação foi feita, na época. Fiquei sabendo. Fiquei perplexo, recolhemos o material e entregamos ao tribunal, que fez toda a apuração. Nós nos distanciamos completamente, até para evitar qualquer tipo de questionamento", disse Moro.


Segundo o senador, o intuito do telefonema "era colher dados pessoais para talvez usar contra o pai, de alguma forma".


O ex-relator no TRF-4 Marcelo Malucelli deixou os casos da Lava Jato em abril após ser criticado por vínculos do filho dele com o hoje senador. O filho de Malucelli é sócio do senador e da deputada federal Rosangela Moro (União Brasil-SP) no escritório Wolff Moro Sociedade de Advocacia.





'Emocionalmente desequilibrado'

 


Moro afirmou que o episódio mostrou que o juiz Appio é "emocionalmente desequilibrado" e que "insistiu na tese de revanchismo e meteu os pés pelas mãos".


Na entrevista nesta terça, Moro também disse que o juiz de primeira instância "vinha proferindo uma série de decisões heterodoxas", citando o caso de Sergio Cabral e a liberação de R$ 35 milhões a pedido da defesa de Antônio Palocci.

 

 


Moro também falou sobre o advogado e réu da Lava Jato Rodrigo Tacla Duran. Em março, Tacla Duran disse ao juiz Appio que pessoas próximas a Moro tentaram extorqui-lo, repetindo declarações já feitas em 2017, e o magistrado encaminhou o assunto para o STF, devido ao foro especial do senador.


"Mentira reiterada sem qualquer prova. A única pessoa que dava credibilidade a Tacla Duran era o juiz Appio. Toda esta história é uma patifaria", disse Moro.


Em rede social, Deltan compartilhou o vídeo da gravação do telefonema atribuído ao juiz afastado e comentou que "essa é a nova Lava Jato do governo da vingança de Lula".


"Não lutam mais para combater a corrupção, mas para se vingar de quem a combate", escreveu Deltan.