O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou a Caixa Econômica Federal para tentar derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 e, com isso, provocou um calote bilionário no banco. Ao criar duas linhas de créditos - uma para a população negativada e outra para os beneficiários do Auxílio Brasil -, Jair Bolsonaro emprestou bilhões à população, mas não garantiu que o dinheiro retornasse ao banco.
Conforme reportagem do UOL, os empréstimos foram criados por meio de medidas provisórias, com aval do então presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
Leia Mais
Depois de Zambelli, Bolsonaro pensa em fazer vaquinha para pagar processosBolsonaro é condenado em 2ª instância por ataques a jornalistasPesquisa: para 25,8%, Tarcísio será o sucessor de Bolsonaro'Não quero repartir com ninguém', brinca Lula sobre indicação do STFCiro Nogueira sobre Lula e Maduro: 'Brasil voltou a paparicar ditadores'Lula recebe Maduro no Palácio do Planalto: 'Calorosa acolhida'Bolsonaro posta vídeo com Trump e critica Venezuela em dia de Lula e MaduroBolsonaro deve ir à CPMI do 8/1, diz deputado: 'Principal suspeito'Conforme informado pela atual presidente do banco, Rita Serrano, a inadimplência do programa chegou a 80% neste ano. Isto é: a cada R$ 1 mil emprestados, R$ 800 não foram pagos.
O programa liberava de R$ 300 a R$ 1 mil para quem tinha dívidas de até R$ 3 mil. A medida permitia que qualquer banco pudesse participar do programa, mas apenas a Caixa Econômica Federal se envolveu.
Segundo o levantamento, na época do lançamento, em um único dia 50 mil contratos foram assinados. Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego - que acompanha o desempenho da linha de crédito - apenas no primeiro mês, a Caixa emprestou R$ 1,3 bilhão à população. Cinco de cada seis pessoas que pegaram o crédito eram negativadas.
Conforme a reportagem, parte do rombo deve ser coberto com verbas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Estima-se que seja utilizado R$ 1,8 bilhão do FGTS para cobrir o rombo, além de outros R$ 600 milhões a serem complementados pela Caixa.
Ainda segundo o UOL, os empréstimos chegaram ao fim com as denúncias de assédio sexual e moral do ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Após a revelação das acusações, técnicos da Caixa suspenderam os empréstimos para negativados.
Auxílio Brasil
A outra medida provisória liberava empréstimos consignados ao Auxílio Brasil. Entre o primeiro e o segundo turno das eleições foram liberados R$ 7,6 bilhões para os beneficiários. 280 mil contratos em um só dia foram registrados em único dia.
Com o "pente fino" nos devedores, mais de 100 mil pessoas irregulares foram excluídas do Bolsa Família este ano e o pagamento das parcelas do crédito agora é incerto.
Assim como empréstimo a negativados, todos os bancos estavam autorizados a participar do consignado do Auxílio Brasil, mas, conforme o levantamento, a Caixa concentrou 80% dos créditos do programa. Em média, o banco emprestou R$ 447 milhões por dia útil. O pico foi em 20 de outubro: R$ 731 milhões.
Conforme a reportagem, as medidas de Jair Bolsonaro custaram a queima de reservas do banco. No último trimestre de 2022, o índice de liquidez de curto prazo chegou a R$ 162 bilhões, R$ 70 bilhões a menos do que no ano anterior. Foi o menor nível do índice já registrado pela Caixa Econômica Federal, um indicador de risco.
A liquidez referente é a quantidade de dinheiro mínima que o Banco Central obriga as instituições bancárias a terem sempre disponível, para evitar uma quebra.
Procurados pela reportagem, o ex-presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, e o advogado de Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, não responderam.