Após defender o regime de Nicolás Maduro na Venezuela, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse, na declaração conjunta no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira (29/5), que sonha com uma moeda comum para que os países sul-americanos possam negociar sem depender do dólar. Para o petista é necessário encontrar alternativas à moeda norte-americana na negociação comercial entre os países.
Lula sugeriu que a Venezuela pague suas importações com a moeda chinesa, o yuan, e criticou as sanções econômicas impostas pelos Estados Unidos, que considerou até mais brutal do que um conflito armado.
“O Maduro, por exemplo, não tem dólar para pagar as suas importações. Quem sabe ele começa a pagar em yuan? Quem sabe a gente pode receber em moeda de outro país para que a gente possa trocar? É culpa dele? Não, é culpa dos Estados Unidos, que fez um bloqueio extremamente exagerado. Eu sempre acho que um bloqueio é pior do que uma guerra, porque na guerra, normalmente, morre soldado que está em batalha, mas o bloqueio mata crianças, mata mulheres, mata pessoas que não têm nada a ver com a disputa ideológica que está em jogo”, apontou Lula.
Brics
Maduro, que vem adotando um discurso menos agressivo em relação aos Estados Unidos desde que retomou as negociações para o fim dos embargos e a retomada da venda do petróleo, evitou citar o país e falou sobre o interesse venezuelano em participar do bloco Brics (composto pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
“Temos conversado sobre o papel do Brics e seu surgimento frente à nova geopolítica mundial (...) Junto ao Brics nós vemos no âmbito geopolítico um elemento que pode nos fazer avançar, a união de cinco países muito poderosos, o Brasil, a China, a Índia, África do Sul e a Rússia, cinco países poderosos. Agora, o Brics está se transformando em um grande imã daqueles que buscam um mundo de paz e de cooperação”, disse Maduro.
Lula apontou ainda que a posição do Brasil será de apoiar o pleito da Venezuela de ingresso no grupo. “Nós vamos discutir, pois não depende do Brasil, depende da vontade de todos. Se houver um pedido oficial, esse pedido será oficialmente levado para o Brics e lá nós decidiremos. Eu sou favorável”, disse.