O general Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), disse a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos que o golpe de Estado de 1964 salvou o Brasil de virar um “país comunista”. O clima acabou tenso dentro da CPI entre os distritais.
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Os deputados distritais da oposição reagiram imediatamente à resposta do Heleno, com gritos de “nunca mais, ditadura”. Os parlamentares afirmaram que vão estudar medidas para responsabilizar Heleno sobre as declarações.
“A ditadura não é uma questão de versão. A imprensa foi calada, o Congresso foi fechado, o Supremo também. Repudiamos a fala do senhor Heleno. É inadmissível. Ele não tem nenhuma autoridade para tentar constranger qualquer parlamentar aqui. O general veio aqui para fazer graça com a CPI”, disse Magno.
“Ele não lembra do que aconteceu há menos de seis meses, mas lembra o que aconteceu em 64. É muito seletiva a memória do senhor Heleno”, completou o petista.
Heleno ouvido na CPI
A saga entre a CPI e Heleno teve início em março, quando o general, que era convidado, informou à CPI que estaria de viagem no dia do depoimento e pediu para que a oitiva fosse antecipada. O depoimento de Heleno foi considerado importante para a comissão, que concordou.
Os distritais, então, aprovaram uma nova convocação, não só de Heleno, mas de outros dois generais. No entanto, o Exército decidiu entrar em cena e propôs um acordo com a CLDF para que essas convocações fossem transformadas em convites. Convidados não são obrigados a comparecer.
Em troca, o Exército garantiria a presença de todos os generais que fossem alvos de pedidos da CPI. O pedido do Exército teria sido encaminhado pelo comandante Tomás Miguel Ribeiro Paiva.