O celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid, possuía a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), segundo perícia da Polícia Federal (PF). No aparelho também foram encontrados “estudos”, que poderiam ser usados para dar suporte “jurídico e legal” a um eventual golpe de estado que manteria o ex-presidente na cadeira de chefe do executivo.
A informação compartilhada pela coluna da jornalista Malu Gaspar, para O Globo, dá conta de que Cid prestou depoimento à PF, nessa terça-feira (6/6), sobre as novas evidências, no entanto, optou pelo direito de permanecer em silêncio. A oitiva foi autorizada por despacho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O material extraído pela PF trata de uma possibilidade de utilização das Forças Armadas em caráter excepcional “destinado a garantir o funcionamento dos poderes da União”. O GLO é um decreto que permite ao presidente da República convocar uma operação militar das forças armadas em situações de perturbação da ordem pública.
Cid está preso desde o dia 3 de maio, quando a PF cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e outros aliados no âmbito da investigação que apura uma suposta fraude no cartão de vacinação do ex-presidente. Desde então o celular do ex-militar está apreendido e sendo periciado, também, para obter informações em outros inquéritos.
Outras mensagens extraídas do aparelho revelam conversas que tramam um golpe de estado. No dia 15 de dezembro, por exemplo, Cid trocou áudios com o ex-major do Exército Ailton Barros, onde comentam que deveriam pressionar o então comandante do Freire Gomes "para que ele faça o que tem que fazer" e que ele faça um pronunciamento "se posicionando em defesa do povo brasileiro".