Após determinação judicial, a Secretaria de Comunicação do governo publicou um direito de resposta referente a uma publicação feita na gestão do presidente Jair Bolsonaro, em 5 de maio de 2020. A publicação original exaltava o major Sebastião Curió, chamando-o de 'herói do Brasil'. Curió foi responsável pelo comando da repressão à Guerrilha do Araguaia durante a ditadura militar.
A Guerrilha do Araguaia foi um movimento político de militantes contrários à ditadura, ocorrido entre as décadas de 1960 e 1970 na região de Tocantins, Pará e Maranhão. A atuação de Curió foi caracterizada pela prisão, tortura e execução de militantes do movimento. O confronto entre guerrilheiros e militares resultou na morte de 67 opositores ao regime.
A nota publicada pelo governo atual, liderado por Luiz Inácio Lula da Silva, expressa satisfação em fazer a 'reparação histórica' e concorda com a ordem judicial que estabeleceu a verdade e a dignidade das vítimas, determinando a publicação do desagravo.
De acordo com o Ministério Público, Curió e seus subordinados cometeram crimes, como matar pessoas rendidas e que não ofereciam resistência. Tais crimes foram enquadrados como parte de um 'ataque sistemático e generalizado contra a população civil brasileira' com o objetivo de manter o poder usurpado em 1964.
Na íntegra, a retratação do governo afirma: 'O governo brasileiro, na atuação contra a guerrilha do Araguaia, violou os Direitos Humanos, praticou torturas e homicídios, sendo condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos por tais fatos. Um dos participantes destas violações foi o Major Curió e, portanto, nunca poderá ser chamado de herói. A SECOM retifica a divulgação ilegal que fez sobre o tema, em respeito ao direito à verdade e à memória.'
O texto ressalta ainda a eleição de Lula como um momento de união e reconstrução do país, destacando a retomada da Comissão de Anistia e a busca por memória, verdade, justiça e reparação.