Dilma Rousseff (PT) foi uma figura política central durante as manifestações de junho de 2013. A então presidente da República vivia o penúltimo ano de seu primeiro mandato no Planalto e via seu governo começar a receber críticas mais contundentes das ruas. À época, sob a pressão de tratar sobre as manifestações que tomaram o país, a petista se pronunciou oficialmente elogiando os protestos focando em seu caráter democrático de reivindicação popular e direcionou suas críticas ao comportamento violento e vândalo de alguns dos manifestantes. Agora, dez anos depois e com uma visão crítica das jornadas de junho, a ex-presidente assina o prólogo do livro “Junho de 2013: a rebelião fantasma", organizado por Breno Altman e Maria Carlotto e lançado pela editora Boitempo.
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As reações dos políticos aos protestos nas ruas em junho de 2013Brasil desmatou 5.200 campos de futebol por dia em 2022, diz relatórioCMBH deve votar subsídio para empresas de ônibus nesta terça-feira Luiz Eduardo Soares sobre 2013: 'PT tem visão unilateral e simplificadora'Presidente da Comissão Europeia para Lula: 'Você trouxe o Brasil de volta'Dino e Silvio Almeida entram na briga por vaga no STF, diz colunistaEm trecho do prólogo, Dilma se recorda dos cinco pactos que propôs junto a governadores e prefeitos dos estados brasileiros e suas capitais para atender às demandas das ruas. Ela destaca que apenas a ideia de estabelecer uma Constituinte para uma reforma política foi rechaçada pelos parlamentares, governadores e prefeitos à época. A ex-presidente divide a participação no protesto entre conservadores e o campo progressista e acredita que uma ‘correlação desfavorável de forças’ impediu o avanço de uma mudança sistêmica no cenário nacional.
“Por enxergar aqueles acontecimentos como uma disputa, meu esforço foi apresentar um programa de cinco pontos que atendesse e fortalecesse as demandas progressistas. Ao lado do compromisso de manter os gastos do governo sob controle, propus investimentos pesados em saúde, educação e mobilidade urbana, incluindo o direcionamento de parte da renda obtida pela exploração do pré-sal pelo modelo de partilha. O quinto ponto era a convocação de uma Constituinte exclusiva para reformar o sistema político-eleitoral. Claramente esbarramos, então, em uma correlação desfavorável de forças, que levou à retirada desse quinto ingrediente do pacto apresentado. Esse item teve até seu encaminhamento parlamentar e institucional bloqueado”, escreveu a ex-presidente no prólogo do livro lançado na última terça (6/6).
As jornadas de junho marcaram uma queda vertiginosa na aprovação de Dilma. A presidente tinha sua gestão apontada como positiva por 65% dos brasileiros em março de 2013, segundo o Datafolha. Após os protestos, esse índice caiu para 30%. A petista se recuperou razoavelmente nos anos seguintes e conseguiu se reeleger ao cargo em 2014. No entanto, ela não completou o mandato, sendo destituída em 2016 após votação de impeachment no Congresso Nacional.
“Junho de 2013: a rebelião fantasma"
Organizado por: Breno Altman e Maria Carlotto (orgs.)
128 páginas.
Editora Boitempo
R$ 45,00
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