O deputado federal Arthur Maia (União-MA), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos de 8 de janeiro, disse que para as investigações serem levadas a sério é necessário convocar "todos, sem distinção".
A fala do parlamentar é uma crítica a aprovação dos requerimentos da sessão dessa terça-feira (13/6), que decidiu convocar apenas aliados e ex-integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"A CPMI perde credibilidade na medida que a maioria só quer convocar determinados nomes que dizem respeito à narrativa que interessa essa maioria. Se a CPMI tem o propósito de investigar Tem que ser chamado para depor todo aquele cidadão, cidadã que esteja no centro dos acontecimentos", disse.
"A CPMI a gente sabe que tem dois lados. Tem duas narrativas diferentes. Uma delas tem maioria. Não é razoável que a gente só ouça os que interessam à maioria. Eu, como presidente, farei um apelo para que todos que tem o seu nome citado, que a mídia, os jornalistas têm demonstrado como figuras importantes dos acontecimentos, que todos sejam ouvidos", disse.
Os parlamentares da oposição até tentaram aprovar convocações de governistas, mas não obtiveram votos, pois a maioria dos membros do colegiado rejeitaram os requerimentos de convite de membros do governo Lula (PT).
"Como presidente da CPMI sou responsável por pautar os requerimentos, mas quem decide pela aprovação ou rejeição é o Plenário", destacou Maia. "Se queremos uma investigação séria, temos que convocar todos, sem distinção", completou.
Nessa terça-feira, Maia se encontrou com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que é relator das investigações dos atos golpistas na Suprema Corte.
Maia disse à imprensa que houve por parte do ministro "absoluta colaboração e boa vontade no que diz respeito ao compartilhamento de dados sigilosos" referentes a investigação.
"Essa contribuição ajudará e muito no andamento da CPMI, na aceleração do nosso trabalho", pontuou.
Primeiros convocados
Ontem, a CPMI aprovou em reunião deliberativa a convocação de integrantes do governo do ex-presidente de Jair Bolsonaro (PL). Os convocados são obrigados a comparecer para prestar esclarecimentos.
Entre os nomes que devem ser ouvidos pelo colegiado estão Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; Braga Netto, ex-ministro da Defesa; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno; e o ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid, preso desde o dia 3 de maio em uma investigação sobre fraude no cartão de vacina de Bolsonaro.
Silvinei Vasques, ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Elcio Franco, ex-secretário do Ministério da Saúde de Bolsonaro, também foram convocados.
Os parlamentares também rejeitaram a convocação de autoridades nomeadas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o ex-ministro do GSI, Gonçalves Dias - que foi gravado pelo circuito do Planalto "interagindo" com os vândalos; o secretário-executivo do Ministério da Justiça e ex-interventor do Distrito Federal, Ricardo Cappelli; e o ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha.