A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, afirmou nesta terça-feira (13/6) que seguirá defendendo a indicação de uma mulher negra para ministra do Supremo Tribunal Federal (STF). Anielle também ressaltou que a decisão não cabe a ela.
"Me questionam agora sobre o STF, vou continuar com minha defesa, por mim, teria uma mulher negra e meu posicionamento é esse. Mas sou eu que decido? Não", declarou a ministra.
Em evento promovido pela revista piauí, em Brasília, Anielle também afirmou que chegou a “jogar no ar” suas ideias sobre indicações ao STF, e que espera conseguir conversar melhor com o presidente Lula em uma próxima oportunidade.
"Eu joguei no ar num encontro, quando estava com ele, mas espero conseguir conversar para a próxima. As condições que defendo tem que estar colocado na mesa. Se vai ser aceito ou não, não sei. Mas eu vou continuar dizendo que gostaria muito que fosse uma mulher", acrescentou.", disse.
Falta de diversidade no STF
A aprovação de Cristiano Zanin para a vaga do ex-ministro Ricardo Lewandowski este mês mantém apenas 2 mulheres entre os 11 ministros do STF, as ministras Rosa Weber e Cármen Lúcia. Além delas, houve apenas mais uma ministra, Ellen Gracie, entre 2000 e 2011. Nunca houve uma ministra negra na Corte.
A última indicação de uma pessoa negra ao STF foi do ex-ministro Joaquim Barbosa, há 20 anos, no primeiro mandato de Lula. Antes dele houve apenas dois ministros negros, ambos no início do século passado: Pedro Augusto Carneiro Lessa ocupou o cargo entre 1907 e 1921, e Hermenegildo de Barros foi ministro entre 1919 e 1937.
Este ano, Lula ainda terá que fazer mais uma indicação para a Corte. A ministra Rosa Weber completará 75 anos no próximo dia 2 de outubro e terá de se aposentar.
Quem é Cristiano Zanin
No dia 1 de junho o presidente Lula anunciou o advogado Cristiano Zanin Martins, de 47 anos, para ocupar a vaga deixada pela aposentadoria do ex-ministro Ricardo Lewandowski no STF. Zanin é formado em direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e trabalhou ao lado da esposa na defesa de Lula desde 2013.
A conquista da anulação das condenações do presidente estabeleceu os direitos políticos de Lula, possibilitando seu retorno para a política e sua eleição em 2022.