Uma investigação realizada pela organização não-governamental 'De Olho nos Ruralistas' aponta que 18 parlamentares membros da Frente Parlamentar da Agropecuária, também conhecida como bancada ruralista, receberam doações eleitorais de proprietários de terras que se sobrepõem a áreas indígenas. A análise cruzou informações das doações eleitorais de 2018 e 2022 com os registros de imóveis do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
As propriedades sobrepostas são aquelas cuja totalidade ou parte do terreno se encontra dentro de territórios indígenas homologados ou em processo de homologação. Isso pode ocorrer devido à invasão dos proprietários ou em virtude da demarcação de uma reserva que englobe partes de fazendas.
Leia Mais
Gentili sobre PL da discriminação de políticos: 'Em breve serei preso'Bolsonaro sobre inelegibilidade: 'Nos preparando para o que acontecer'STF retoma o julgamento da criação do juiz de garantiasMarcha das Mulheres Indígenas começa nesta segunda em BrasíliaNovo vai à Justiça contra pedido de concessão de TV do PTCiro Nogueira culpa Zambelli, Guedes e Jefferson por derrota de BolsonaroMarina Silva cresce em popularidade digital após perda de poderLula faz piada com peso de Flávio Dino: 'Vamos trazer pouca comida pra ele'Lula a ministros: "Daqui para frente é proibido ter nova ideias"Zanin no STF: Moro promete 'sabatina rigorosa' no SenadoDeputada bolsonarista para professor: "Me ofendeu com categoria acadêmica"Além disso, parlamentares que integram a liderança da Frente Parlamentar da Agropecuária também receberam recursos de fazendeiros com propriedades sobrepostas a terras indígenas. Algumas das propriedades pertencentes aos parlamentares são sobrepostas a terras indígenas, como a Fazenda São José, do senador Jaime Bagattoli, e as fazendas Crisciúma e Capão, do deputado
A aprovação do Projeto de Lei 490/2007, que estabelece a data da promulgação da Constituição, em outubro de 1988, como marco temporal para demarcação de terras indígenas, foi amplamente apoiada pela bancada ruralista. A proposta ameaça as terras indígenas em disputa com delimitação em áreas não ocupadas até aquela data.
A assessoria de comunicação da Frente Parlamentar da Agropecuária afirmou que todas as contas de campanha dos parlamentares citados foram aprovadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e estão de acordo com a legislação eleitoral.
A notícia traz à tona uma relação entre a bancada ruralista e proprietários de terras sobrepostas a terras indígenas, levantando questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e a legitimidade das doações eleitorais.