Após ser alvo de ação da Polícia Federal nesta quinta-feira (15/6), o senador Marcos do Val (Podemos-ES) tentou tangenciar em sua resposta ao ser questionado se havia mentido ou não sobre as diversas versões em que ele apresentou sobre uma reunião com o ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre uma tentativa de golpe de Estado e de grampo ilegal do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"A versão dada na Polícia Federal é a versão verdadeira. O que foi dito para a imprensa não era nada oficial", afirmou o senador ao ser questionado pela jornalista Natuza Nery na GloboNews.
Natuza reforçou o questionamento e indagou se ele "mentiu quando falou para a imprensa", em fevereiro, que Bolsonaro e Silveira teriam apresentado um plano golpista.
Ele negou e afirmou que foi uma "estratégia de persuasão". Natuza voltou a questionar se ele "está dizendo que usa a imprensa para mentir?".
"O que é verdade é que no depoimento da Polícia Federal, que foi o depoimento oficial, lá está a verdade plena e absoluta. (...) Do meu depoimento para a Polícia Federal é que segue-se em diante a verdade absoluta", afirmou o senador, dando a entender que o que havia sido dito anteriormente não condizia com a realidade.
Em fevereiro, Marcos do Val alegou que Bolsonaro e o deputado Daniel Siveira realizaram um encontro em que foi apresentado um plano para tentar gravar uma declaração "comprometedora" de Moraes e que poderia ser usada pelo derrotado na eleição.
Dessa forma, o líder da oposição ordenaria a prisão do ministro do STF, impediria a posse de Lula e anularia as eleições.
Na época, ele relatou ter pedido para analisar melhor a proposta e responder depois. Em seguida, teria relatado a reunião a Moraes.
Dias depois, o então senador afirmou ter inventado a história para tentar afastar o ministro da suprema corte da investigação contra Bolsonaro.
"Não tinha golpe de Estado nem nada. Tinha falado: 'Bolsonaro, vou usar aquela reunião para fazer uma ação para te blindar porque ele [Moraes] quer te prender'", disse o senador a apoiadores.
O parlamentar capixaba está sendo investigado por associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e Organização Criminosa e por divulgar documentos sigilosos da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).