Com a divulgação de arquivos no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, a nomeação de Jean Lawand para a Representação Diplomática do Brasil nos Estados Unidos poderá ser anulada.
Nas mensagens encontradas pela Polícia Federal (PF), Lawand chega a implorar que Cid convença o então presidente Bolsonaro a dar um golpe de Estado e impedir a posse de Lula.
"Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um General, que não recebeu, que não aceitou a ordem do Comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer", disse Lawand em um áudio, segundo transcrição da Polícia Federal.
Segundo a "Folha de S. Paulo", Lawand responderá judicialmente às mensagens que enviou a Cid e que eventuais decisões administrativas serão tomadas pelo comandante do Exército, general Tomás Paiva. Tudo depende de uma conversa com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, nesta sexta-feira (16/6).
Mauro Cid foi submetido a processo semelhante quando passou a ser investigado pela PF por seu envolvimento nas movimentações financeiras na Presidência. Apesar de não sofrer um processo interno, o tenente-coronel foi impossibilitado de assumir o comando do 1º Batalhão de Ações de Comando, em Goiânia.
Jean Lawand
O coronel Jean Lawand Júnior formou-se na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1996 e é atualmente supervisor do Programa Estratégico Astros do Escritório de Projetos do Exército, do Estado-Maior da Força. O programa é considerado um dos principais projetos estratégicos do governo brasileiro.
Segundo a Folha, Lawand era um dos cotados para ser promovido a general de brigada em 2025, quando o coronel retornasse dos EUA. Em fevereiro, Tomás Paiva assinou uma portaria designando Lawand para a missão no exterior a partir de 2 de janeiro de 2024, dessa forma, a anulação da nomeação garantiria que o coronel esteja no Brasil durante as investigações dos documentos golpistas.