A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou em nota nesta sexta-feira (16/6) que os novos diálogos encontrados no celular do seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, reforçam que ele não participou de articulações golpistas.
O texto acrescenta que o celular do ex-assessor havia se tornado muitas vezes em uma "simples caixa de correspondência" para as "mais diversas lamentações".
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"Os novos diálogos revelados pela revista Veja comprovam, mais uma vez, que o presidente Bolsonaro jamais participou de qualquer conversa sobre um suposto golpe de Estado", afirma a nota assinada pelos advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Tesser e Fábio Wajngarten.
"Registramos, ainda, que o ajudante de ordens, pela função exercida, recebia todas as demandas —pedidos de agendamento, recados, etc— que deveriam chegar ao presidente da República. O celular dele, portanto, por diversas ocasiões se transformou numa simples caixa de correspondência que registrava as mais diversas lamentações", conclui a nota.
O conteúdo divulgado nesta sexta-feira mostra que uma das pessoas que manteve diálogo com Mauro Cid foi o coronel do Exército Jean Lawand Junior, recentemente designado para representação diplomática do Brasil nos Estados Unidos, em Washington. O Comando do Exército decidiu nesta sexta anular a nomeação do militar.
"Cidão, pelo amor de Deus, cara. Ele dê a ordem que o povo tá com ele, cara. Se os caras não cumprir, o problema é deles. Acaba o Exército Brasileiro se esses cara não cumprir a ordem do, do Comandante Supremo. Como é que eu vou aceitar uma ordem de um General, que não recebeu, que não aceitou a ordem do Comandante. Pelo amor de Deus, Cidão. Pelo amor de Deus, faz alguma coisa, cara. Convence ele a fazer", disse Lawand em um dos áudios, segundo transcrição da PF.
Mauro Cid
No celular do ex-assessor de Bolsonaro há ainda material com a tese do advogado e professor emérito da Universidade Mackenzie Ives Gandra Martins, segundo a qual o artigo 142 da Constituição permitiria uma intervenção das Forças Armadas em caso de conflito entre os três Poderes.
Ao UOL, Ives Gandra negou que tenha contribuído para ideias golpistas. Ele disse que o conteúdo encontrado no celular de Cid foi preparado em 2017.