Um dia antes do início do seu julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente Jair Bolsonaro foi ao Senado nesta quarta-feira (21/6) para se reunir com seu filho, Flávio Bolsonaro (PL) e aliados. Ao sair, afirmou à imprensa que não acredita que ficará inelegível pelo TSE, e comparou seu caso com o julgamento da chapa Dilma-Temer em 2017.
“Não tem porque cassar meus direitos políticos por uma reunião com embaixadores, é só julgar com a mesma jurisprudência de 2017 que essa ação será arquivada”, afirmou à imprensa.
Em 2017 houve julgamento sobre abuso de poder político na campanha de Dilma nas eleições de 2014. Na ocasião, o TSE decidiu que provas anexadas no processo após o prazo não poderiam ser consideradas pela Corte, mesmo se tratando do mesmo evento.
No caso de Bolsonaro, a defesa pretende descartar as novas provas da ligação do ex-presidente com os ataques às sedes dos três poderes em 8 de janeiro. Foi encontrada uma minuta de golpe na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres e uma descrição de como dar um golpe no celular do ex-ajudante de ordens da presidência, tenente-coronel Mauro Cid.
“A ação contra mim é exatamente igual a da chapa Dilma-Temer. Novos fatos foram apensados à minha ação. A partir do momento em que o TSE aplicar a jurisprudência para o meu caso, por coerência, no meu entender, tem que ser assim, a acusação contra mim, por se reunir com embaixadores, se torna frágil”, afirmou Bolsonaro.
Acusação de abuso de poder
Jair Bolsonaro é acusado de abuso de poder por, a menos de três meses do primeiro turno, se reunir com embaixadores e fazer afirmações falsas e distorcidas sobre o processo eleitoral brasileiro, alegando se basear em afirmações do próprio TSE. Na mesma ocasião tentou desacreditar os ministros do tribunal.
"Nós não podemos enfrentar umas eleições sob o manto da desconfiança. Nós queremos ter a certeza de que para quem o eleitor votou, o voto vai exatamente para aquela pessoa. O próprio TSE diz que em 2018 os números podem ter sido alterados", afirmou Bolsonaro na reunião.
O processo começará a ser julgado pela Justiça Eleitoral nesta quinta-feira (22/6) e pode tornar o ex-presidente inelegível por oito anos.