O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou nesta sexta-feira (26/6) de um almoço de trabalho com o presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris. Foi a segunda reunião de Estado entre os dois líderes este ano, depois da bilateral na cúpula estendida do G7, em Hiroshima (Japão), há pouco mais de um mês.
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Lula cancela jantar com príncipe saudita que deu joias a BolsonaroEm Paris, Lula chama de 'ameaça' carta da União Europeia sobre acordo com MercosulLula é 'decepção' e 'falso amigo do Ocidente', diz jornal francês'Deixa eu morrer', diz Bolsonaro sobre motociatas sem capacete e vacinaEm relação ao acordo comercial entre Mercosul e União Europeia, o presidente Lula afirmou antes do almoço, durante seu discurso no Novo Pacto de Financiamento Global, que os termos precisam ser revistos, especialmente os termos adicionais propostos recentemente pela UE, que adicionam previsões de punição na área ambiental. A conhecida resistência de setores da economia francesa, em particular do agronegócio, se refletiu, na última semana, na aprovação de uma resolução contrária ao acordo pelo Parlamento do país.
"Os acordos comerciais têm de ser mais justos. Estou doido para fazer um acordo com a União Europeia, mas a carta adicional que foi feita pela União Europeia não permite que se faça um acordo. Nós vamos fazer a resposta, mas é preciso que a gente comece a discutir. Não é possível que tenhamos uma parceria estratégica e haja uma carta adicional fazendo uma ameaça", afirmou o presidente.
No plano cultural, ambos demonstraram interesse na retomada do intercâmbio cultural entre as nações, inclusive com a possibilidade de reeditar os grandes calendários de eventos desenvolvidos na década passada, como o Ano do Brasil na França e o Ano da França no Brasil, a partir de 2025.
Parceria estratégica
Brasil e França firmaram uma parceria estratégica em 2006, para promover o diálogo político e as relações econômico-comerciais. Os dois países possuem ainda cooperação nas áreas de defesa, espaço, energia nuclear e desenvolvimento sustentável. A parceria Brasil-França contempla também a educação, ciência e tecnologia, temas migratórios e transfronteiriços. Segundo o Itamaraty, cerca de 90.000 brasileiros vivem na França metropolitana e outros 82.500 na Guiana Francesa, somando cerca de 172.500 no total. Com 730 km, a fronteira entre o estado brasileiro do Amapá e a Guiana Francesa constitui a maior fronteira terrestre da França.
Investimentos
Existem cerca de 860 empresas francesas no Brasil. O Brasil é hoje o segundo principal destino dos investimentos franceses entre os chamados países emergentes, tendo sido ultrapassado apenas recentemente pela China. A França é o 3º maior investidor no Brasil, pelo critério de controlador final, com cerca de US$ 38 bilhões investidos, e 5º maior pelo critério de investidor imediato, com investimentos de cerca de US$ 32 bilhões, segundo os dados de 2021 do Banco Central.