Julia Chaib, Matheus Teixeira e Catia Seabra
O nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, ganhou força na relação de cotados para a vaga do Supremo Tribunal Federal (STF) que deve abrir em outubro com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, atual presidente do tribunal. Na quarta-feira da semana passada, o Senado confirmou a indicação de Cristiano Zanin, advogado e amigo do presidente, para ocupar uma cadeira na Corte – trata-se da primeira vaga aberta no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na escolha da próxima vaga, apesar dos apelos da base e de integrantes do próprio governo para que Lula leve em conta o critério de gênero, não há mulheres na lista atual de favoritos. Outros nomes que estão no páreo são os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, além dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Luís Felipe Salomão e Benedito Gonçalves – este último também ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Auxiliares de Lula avaliam que Messias preenche esses requisitos e tem outro ativo relevante, que é o fato de ser evangélico. Ele foi escalado para participar da Marcha para Jesus em nome de Lula, após o petista declinar do convite para comparecer ao evento.
FOGO AMIGO Messias tem rechaçado especulações a respeito de seu nome. Em conversas reservadas, ele diz que integrantes do governo não devem se valer do cargo para despontarem na disputa por vagas; e que a decisão é exclusiva de Lula. Ele atribui o lançamento de seu nome a fogo amigo.
Se escolher Messias, o presidente faria uma sinalização a um eleitorado muito ligado a Jair Bolsonaro (PL) e que foi contemplado pelo ex-presidente na escolha de André Mendonça para o Supremo.
Defensores de outros cotados têm a expectativa de que Lula faça uma sinalização ao Senado e à classe política, optando por um nome que não seja preponderantemente de sua cota pessoal, como foi Zanin e que seria o caso de Messias.
No entanto, aliados do presidente dizem que a decepção com indicados do Supremo que autorizaram sua prisão e o avanço da Lava Jato gerou uma preferência pela confiança como principal parâmetro de escolha. Trata-se de um processo diferente do usado pelo próprio Lula e pela ex-presidente Dilma Rousseff nos mandatos anteriores do PT.
APOIO O presidente tem dito a pessoas próximas considerar Messias eficiente e discreto no cargo. Avalia que o advogado obteve conquistas importantes junto aos tribunais superiores, mas não faz estardalhaço sobre elas. Um dos exemplos é a saída para a polêmica do ferrogrão, além de sua atuação nas medidas legais adotadas em resposta aos ataques golpistas de 8 de janeiro.
Procurador da Fazenda Nacional, Messias foi subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil no governo Dilma. Ficou conhecido nacionalmente como “Bessias” em 2016, no episódio do vazamento de uma escuta telefônica da Lava Jato, autorizada pelo então juiz Moro. Apesar de não haver irregularidade na conduta do ex-auxiliar, o vazamento do áudio lembra um dos momentos de maior rejeição aos governos petistas.