O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, o ex-chanceler Celso Amorim, afirmou nesta segunda-feira (26/6) que o restante do mundo não quer uma Rússia enfraquecida, após a crise enfrentada nos últimos dias pelo governo do líder russo, Vladimir Putin.
"A gente não sabe ainda como vai se desdobrar. Evidentemente, temos todo o interesse que volte à normalidade. Não interessa a ninguém uma Rússia debilitada e enfraquecida. Acredito que vá voltar à normalidade", afirmou o diplomata brasileiro, durante cerimônia no Palácio do Itamaraty.
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Lula conversa com Putin, mas recusa convite para ir a Rússia Lula: Ucrânia e Rússia não querem paz; discurso de Biden não ajudaEm Portugal, Lula condena violação da Ucrânia pela RússiaCoronel reclama de 'omissão' da Secretaria de Segurança no 8 de janeiroA declaração foi dada no Itamaraty, onde ocorre um almoço em celebração dos 200 anos das relações diplomáticas com a Argentina, na quarta visita do líder argentino, Alberto Fernández, ao Brasil.
A fala do assessor especial foi dada após ele ser questionado por jornalistas sobre qual era a posição do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) a respeito dos eventos recentes no Leste europeu.
Na sexta-feira (23/6), o líder do grupo mercenário russo Wagner, Ievguêni Prigojin, usou suas redes sociais para desferir ataques contra o Ministério da Defesa e anunciar uma insurgência na região sul da Rússia. A crise escalou no dia seguinte, tornando-se a maior rebelião militar em solo russo desde os anos 1990.
Putin então acusou o líder do principal grupo mercenário a serviço do país na Guerra da Ucrânia de motim armado e determinou sua prisão.Blindados foram vistos nas ruas de Moscou e de Rostov-do-Don, cidade no sul do país onde os mercenários disseram ter sido atacados por forças da Defesa na sexta (23). Em um ato inusual, a TV estatal interrompeu sua programação noturna para um boletim de notícias sobre a crise.
Ao longo do dia, imagens mostraram Prigojin tomando o controle do quartel-general do Comando Militar do Sul, peça central na engrenagem da guerra, na qual o Wagner lutou e que agora é criticada pelo líder.
No sábado, no entanto, Prigojin aceitou os termos de um acordo com o Kremlin mediado pela ditadura da Belarus e ordenou que suas forças a caminho de Moscou deem meia-volta e "retornem para suas bases".