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Estado de Minas INELEGÍVEL

Ministro do TSE vota após pressão de Bolsonaro para que suspendesse julgamento

Ministro Raul Araújo inicia a votação que julga abuso de poder pelo ex-presidente e pode torná-lo inlegível por oito anos


29/06/2023 09:30 - atualizado 29/06/2023 10:03
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Jair Bolsoanro de blusa de frio preta, com gola alta, falando ao microfone que segura na mão direita em um fundo preto
Bolsonaro é acusado de abuso de poder e divulgação de informações falsas sobre as eleições durante encontro com embaixadores (foto: SILVIO AVILA / AFP)


O ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Raul Araújo começou nesta quinta-feira (29) a apresentar seu voto no julgamento que pode levar Jair Bolsonaro (PL) à inelegibilidade até 2030.


Raul vinha sendo pressionado por Bolsonaro a apresentar um pedido de vista (quando um ministro solicita mais tempo para analisar um caso), o que suspenderia o julgamento.


O julgamento no TSE teve início no último dia 22 e, após voto do relator, Benedito Gonçalves, na última terça (27), a favor da inelegibilidade do ex-presidente, continua nesta quinta. Faltam os votos de seis ministros —além de Raul, devem se manifestar Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, Cármen Lúcia, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.


Também integrante do STJ (Superior Tribunal de Justiça), Raul é conhecido por adotar um viés mais tradicionalista em julgamentos e por sua proximidade com o campo político conservador.


A ação protocolada pelo PDT, partido aliado de Lula, mira Bolsonaro e Walter Braga Netto, ex-ministro que foi candidato a vice na chapa derrotada do PL à Presidência em 2022. Benedito se manifestou, porém, contra a inelegibilidade de Braga Netto.


No processo, Bolsonaro é acusado de ter cometido abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião com embaixadores realizada em julho do ano passado, na qual repetiu mentiras sobre o sistema eleitoral.

 


Na terça, o relator no TSE afirmou que não é possível fechar os olhos para discursos antidemocráticos com mentiras e discursos violentos, criticou a banalização do golpismo e destacou a epopeia de ataques do ex-presidente com uso da imagem das Forças Armadas.

 


"A reunião não é uma fotografia na parede, mas um fato inserido em um contexto", disse Benedito.

 

O relator defendeu que seu voto seja encaminhado ao TCU (Tribunal de Contas da União) e para inquéritos criminais em curso no STF (Supremo Tribunal
Federal) para apurar se cabem investigações contra Bolsonaro pelas condutas em debate para além da Justiça Eleitoral. O cenário é considerado adverso para Bolsonaro, e a tendência é que ele seja declarado inelegível.


O advogado do ex-presidente, Tarcísio Vieira de Carvalho, já admite recorrer ao STF em caso de derrota no na corte eleitoral.


Ao defender a punição para Bolsonaro na primeira sessão reservada ao julgamento, no último dia 22, a representação jurídica do PDT argumentou que houve tentativa de golpe de Estado.


O evento com os embaixadores durou cerca de 50 minutos e foi transmitido pela TV Brasil. Na ocasião, a Secretaria de Comunicação do governo barrou a imprensa, permitindo apenas a participação dos veículos que se comprometessem a transmitir o evento ao vivo.

 

 

 

 

O vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, considerou a reunião com embaixadores como algo grave, com o objetivo de criar desconfiança sobre as eleições e deslegitimar um eventual resultado negativo nas urnas para Bolsonaro.


Gonet, porém, não considerou que Braga Netto deve se tornar inelegível e não viu abuso na atuação do ex-ministro em relação ao evento.


A ação contra Bolsonaro é uma Aije (ação de investigação judicial eleitoral), que pode ser apresentada até a data da diplomação do candidato. Esse instrumento tem como objetivo apurar condutas que possam afetar a igualdade de disputa na eleição, como abuso de poder econômico, de autoridade ou uso indevido dos meios de comunicação social em benefício de um candidato.


Segundo a defesa de Bolsonaro, a ação movida pelo PDT é "impostora e eivada de falsidade ideológica" e não está em julgamento o movimento político representado pelo ex-mandatário.


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