Jornal Estado de Minas

JUSTIÇA ELEITORAL

Por que Bolsonaro ficou inelegível?

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi declarado inelegível por oito anos após uma decisão dos ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nesta sexta-feira (30/6).

Após quatro sessões de julgamento, por um placar de 5 votos a 2, o líder da direita brasileira ficará fora das próximas três eleições. Mas por que Bolsonaro ficou inelegível?

No dia 18 de julho de 2022, o então presidente convidou diversos embaixadores para uma reunião no Palácio da Alvorada. Até então, nada fora do normal, já que é prerrogativa do cargo fazer esse tipo de encontro.





O problema é que, durante a reunião, Bolsonaro fez uma série de ataques contra o TSE, o processo eleitoral e as urnas eletrônicas. A reunião foi amplamente transmitida pela TV Brasil, emissora da estatal Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), e compartilhada nas suas redes sociais para milhões de seguidores.

Logo depois, o Partido Democrata Trabalhista (PDT) entrou com uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) no TSE e solicitou a imediata retirada do conteúdo do ar, alegando que causaria um desequilíbrio nas eleições de 2022 e pedindo a inelegibilidade de Bolsonaro por abuso de poder político e uso inadequado dos meios de comunicação.

Ao longo dos meses, o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves, analisou a gravação da reunião e outras lives e declarações de Bolsonaro contra o processo eleitoral, durante seus quatro anos de mandato. Em abril, o magistrado liberou o caso para julgamento no plenário, e a ação recebeu parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE) pela inelegibilidade.

Em seu voto, nesta sexta, o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, questionou os reais interesses da reunião com embaixadores e afirmou que Bolsonaro queria conquistar votos. “Uma produção cinematográfica com a TV Brasil para imediatamente em tempo real até as eleições, as redes sociais bombardearem os eleitores com essa desinformação, com sentido de angariar mais votos, mais eleitores”, disse.