Jornal Estado de Minas

VEREADOR

Vice-líder da PBH na Câmara deixa posto em semana de votos decisivos

O vereador Wanderley Porto (Patriota) pediu, nesta segunda-feira (10/7) a saída do cargo de vice-líder da bancada governista da Câmara Municipal de Belo Horizonte (CMBH). A mudança no bloco que representa a prefeitura no Legislativo acontece na semana em que a casa decide os vetos do prefeito Fuad Noman (PSD) ao projeto de subsídio dos ônibus da capital e após reviravoltas dentro do grupo em votações no plenário.





Em ofício enviado ao líder do governo, Bruno Miranda (PDT), Porto comunicou que estaria se desligando do posto por entender que seu ciclo na função foi concluído. Ele agradece ao prefeito Fuad e esclarece que permanece na base do governo mesmo fora do cargo de liderança.

A saída acontece pouco mais de duas semanas após a bancada da prefeitura na Câmara se dissolver durante a votação do PL 538/2023, que previa o pagamento de subsídio às empresas de ônibus da capital em troca de, entre outras contrapartidas, da redução da passagem na cidade.

O projeto em questão foi a plenário em 2º turno em 23 de junho e teve um pacote de emendas votadas em destaque pelos vereadores. Essas medidas tratavam sobre o transporte suplementar na capital, os micro-ônibus amarelos que circulam pelos bairros, e a bancada da prefeitura orientou seus parlamentares a votarem contra. O resultado mostrou um colapso do grupo, com 37 votos favoráveis e apenas 3 contrários a medidas como o repasse de 10% do subsídio de R$ 512 milhões a esse tipo específico de transporte.





Na ocasião, o próprio Wanderley Porto votou contra a orientação da prefeitura. Seguiram o governo apenas os parlamentares do PDT: Miltinho CGE, Wagner Ferreira e Bruno Miranda. O projeto aprovado na Câmara chegou a Fuad Noman na semana passada e foi parcialmente sancionado. Os trechos relacionados ao transporte suplementar foram rejeitados pelo prefeito e os vetos voltam para votação na Câmara nesta quarta-feira (12/7).

À reportagem, Porto reiterou o informado no pedido de saída do posto de vice-líder, dizendo ter a sensação de dever cumprido na função. O vereador ainda disse que os vetos da prefeitura foram decididos a partir do negociado entre Legislativo e Executivo que votará por sua manutenção na quarta-feira.

“O primordial é cumprir o acordo e, quando foi feito o acordo entre Câmara e prefeitura foi feito, esses itens não estavam colocados. Veio para votação, teve a emenda e até votei a favor. Mas como o entendimento é que não dava para contemplar os pontos em questão, vamos manter a decisão da prefeitura. Continuo na base do governo”, afirmou.





O presidente da Câmara, Gabriel Azevedo (sem partido), elogiou a decisão de Porto ao abandonar a vice-liderança do governo. Ao Estado de Minas, o vereador criticou a relação entre o prefeito e os parlamentares da base governista.
 
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“Acho que meu amigo e colega vereador Wanderley Porto (Patriota) tomou a decisão correta ao abrir mão da vice-liderança, pois esse é um governo que ainda não entendeu como é lidar com um parlamento independente e confunde vereadores com funcionários querendo tratar-nos como subordinados. Dessa maneira, não se lidera. Dessa maneira, tenta-se impor vontades e isso, numa cidade que se quer democrática, não pode ocorrer”, disse.

A reportagem tentou contato com o líder de governo Bruno Miranda e com a Prefeitura de Belo Horizonte. Até a última atualização desta matéria, não houve respostas.