A reforma tributária, aprovada na semana passada na Câmara dos Deputados, abalou profundamente os alicerces do PL, contrapondo os parlamentares que votaram a favor e os que foram contra a proposta de emenda à Constituição (PEC). No grupo do WhatsApp do partido, deputados trocaram ofensas e o líder da sigla na Casa, Altineu Côrtes (RJ), teve de suspender as mensagens "por alguns minutos, só para acalmar os ânimos" - como afirmou sua assessoria ao Correio Braziliense.
Antes da votação, na quinta-feira passada, o partido orientou que seus parlamentares fossem contrários à reforma - o ex-presidente Jair Bolsonaro chegou a classificar as alterações no sistema tributário como "do PT". A bancada de 99 deputados, a maior da Câmara, seguiu a determinação. Só que, no primeiro turno, 20 votos foram favoráveis e, no segundo, 18 deram apoio à reforma.
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"Não sei por que de tanto choro", publicou Zanatta no grupo. "Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?" Jordy reforçou a mensagem da deputada: "Para mim está muito claro: o PL não vai retroagir, o caminho é consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil. E aqueles que não aceitam essa posição devem sair".
Júnio Amaral (MG) foi além e insinuou que quem votou a favor da reforma teria algum interesse na aprovação. "Essas tentativas de justificar o voto, aqui no grupo da bancada, fica parecendo que nós, bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto. Como se ninguém soubesse como funciona", provocou. Gurgel rebateu: "Amigo, pede minha expulsão! Aqui não tem clima mais com vocês!"
Altineu chegou a alertar aos envolvidos na troca de hostilidades que acionaria o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, para tentar encerrar o entrevero, que levou, inclusive, alguns parlamentares a ameaçarem sair do partido.
O líder da bancada, o presidente do partido, Bolsonaro e o assessor Braga Netto se reúnem, hoje, para tratar da questão, tendo em vista o interesse em manter os 99 deputados no guarda-chuva do PL, com vista às eleições municipais de 2024. A assessoria de Altineu, no entanto, negou ao Correio que o encontro seja para tratar do abalo na estrutura do partido - afirmou que tais encontros são semanais.
Maior bancada na Câmara, o PL concentra também a maior fatia do Fundo Partidário: R$ 205,8 milhões, de um total de R$ 1,18 bilhão a ser rateado entre as legendas. Esse dinheiro pode ser usado para financiar campanhas eleitorais, custear atividades rotineiras - como o pagamento de água, luz, aluguel e passagens aéreas - e salários, como o de Bolsonaro.
O PL, porém, pode abocanhar outra fatia considerável do fundo. O Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2024, protocolado no Congresso em abril, deve destinar o mesmo valor das eleições de 2022 para a de 2024: R$ 4,961 bilhões.