A Folha de S.Paulo apurou que o clima foi cordial nos bastidores. Lula falou da Reforma Tributária, de dados positivos da economia e de temas polêmicos, como a nomeação de Cristiano Zanin para o STF (Supremo Tribunal Federal). O presidente disse que "não é amigo" do advogado e que não vai pedir favores pessoais a ele. A conversa não ultrapassou o tempo previsto por causa dos demais compromissos do dia.
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A entrevista foi articulada por Paulo Pimenta, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. Ela também atendeu a um desejo de Lula de acenar publicamente pela primeira vez em seu terceiro mandato para os evangélicos, cujo voto foi mais concentrado no ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022.
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A Record é de Edir Macedo, líder de Igreja Universal do Reino de Deus. A igreja também tem ligação com o Republicanos, partido do centrão que tem negociado sua entrada no governo por meio do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), cotado para substituir a ex-jogadora de vôlei Ana Moser no Ministério do Esporte.
Desde o começo do mês, TVs que apoiaram Bolsonaro em seus quatro anos no poder estão se aproximando de Lula para estreitar relações. Antes da Record, o SBT fez este movimento com uma visita da vice-presidente da empresa e filha de Silvio Santos, Daniela Beyruti.
No caso da Record, a aproximação chama a atenção por causa da relação conturbada em 2022. A campanha de Lula chegou a entrar com um pedido no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para mudar uma entrevista que ele daria para a emissora em uma sexta-feira, dia de menor audiência na televisão. Bolsonaro foi entrevistado em uma segunda, dia de maiores números. Lula acabou não comparecendo.
Além disso, a Igreja Universal fez ataques públicos ao PT e à esquerda nos horários que ocupa nas madrugadas da Record. Na véspera do primeiro turno de 2022, em 27 de setembro, um programa da igreja afirmou que era "impossível ser cristão e ser de esquerda".
Se aproximar de um governo com bons resultados no início é considerado usual, já que a publicidade estatal ainda é a maior fonte de renda publicitária das TVs abertas. No primeiro semestre de 2022, por exemplo, a Record recebeu cerca de R$ 9,8 milhões em anúncios referentes à Bolsonaro. Só a Globo recebeu mais —$ 11,1 milhões.