O ministro e a família voltavam de uma palestra na Universidade de Siena, uma das mais tradicionais daquele país, quando foram cercados no aeroporto por três brasileiros. O ministro foi xingado de “bandido”, “comunista” e “comprado”, por uma mulher identificada como Andrea. Na sequência, um homem que, de acordo com a PF, se chama Roberto Mantovani Filho, reforçou os xingamentos e chegou a agredir fisicamente o filho do ministro, que acompanhava o pai na viagem.
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O rapaz teria tentado intervir para evitar as agressões verbais ao pai e acabou levando um tapa. Um terceiro homem, identificado como Alex Zanatta, também participou do ataque, xingando Moraes e família com palavrões.
Eles não foram presos, mas serão alvos de um inquérito da PF. Todos foram identificados após desembarcarem no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, e responderão em liberdade por crimes contra a honra e ameaça.
O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB-MA), ligou para Moraes e se solidarizou após a violência sofrida pelo magistrado, e comentou a agressão, chamada por ele de “comportamento criminoso”, em suas redes sociais. “Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser ‘elite’, mas não tem a educação mais elementar”, afirmou Dino no Twitter.
Solidariedade
O caso de agressão ganhou notoriedade e ficou entre os assuntos mais comentados ontem nas redes sociais. Várias lideranças políticas manifestaram solidariedade ao ministro, que já foi hostilizado em outras ocasiões.
O ataque também foi criticado em suas redes sociais pela deputada federal e presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, que classificou o ato como deplorável e chamou os agressores de bolsonaristas. “Ataque a Alexandre de Moraes e sua família é deplorável, resultado do ódio disseminado por lideranças bolsonaristas, que só sabem estimular a violência alimentada por mentiras. Isso tem de acabar. Todo rigor da lei aos agressores e toda solidariedade ao ministro”.
O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que as “autoridades irão conduzir investigação rigorosa para punir agressores de Alexandre de Moraes. A segurança de nossas instituições, incluindo de seus agentes públicos, são pilares essenciais da democracia”, afirmou o ministro.
O senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que a “agressão de ogros contra Alexandre de Moraes mostra que é hora de punir os crimes de ódio, alguns já tipificados. Vamos enquadrar a intolerância política, como propus no 'Pacote da Democracia”. Vou procurar o relator Veneziano do Rego e o presidente para votarmos em agosto”, afirmou o senador se referindo a um conjunto de leis em debate no Congresso Nacional que tem por objetivo punir comportamentos que atentem contra a democracia e estimulem crimes de ódio.
Até o senador Sérgio Moro (Republicanos-PR) prestou solidariedade ao ministro. “Nada justifica ataques ou abordagens pessoais agressivas contra Ministros do STF ou seus familiares. Minha solidariedade ao ministro Alexandre Moraes. Não é esse o caminho.”
Também comandou o TSE nas eleições de 2022 e no julgamento do mês passado que decidiu pela inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.
Moraes já foi alvo de xingamentos por parte de Bolsonaro, que, nos últimos dois anos, já chegou a se referir ao ministro como "vagabundo" e como "canalha".