Jornal Estado de Minas

GOVERNO

Disputada nas eleições de 2022, Minas ainda não viu Lula em 2023

Menina dos olhos dos favoritos ao Planalto na campanha eleitoral de 2022, Minas Gerais ainda não entrou na atribulada agenda de viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu primeiro semestre de governo. Neste período, o petista acumula dezenas de destinos nacionais e internacionais e passou por 14 estados diferentes em todas as regiões do país.



Durante o período eleitoral de 2022, no entanto, ele esteve em seis cidades mineiras pleiteando a Presidência da República. Jair Bolsonaro (PL), candidato frustrado à reeleição, passou por 11 municípios diferentes no estado em atos de campanha e, em 2023, só pisou em solo mineiro em uma oportunidade.

 

Embora o presidente não tenha passado por Minas Gerais, seus ministros têm agenda recorrente no estado. A última visita de integrantes da equipe de Lula ocorreu na última quarta-feira (12/7), em plenária do Plano Plurianual (PPA) em Belo Horizonte, quando estiveram na capital os ministros de Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo (PT).

 

Na ocasião, Macêdo falou sobre a ausência de Minas no mapa de Lula durante o primeiro semestre de seu governo. O ministro garantiu que a falta de viagens não está relacionada ao relacionamento com o governador Romeu Zema (Novo) e anunciou, sem data definida, que o petista virá ao estado.





 

"Ele voltará aqui" 

 

“O presidente virá a Minas. Lula tem uma relação muito forte com o estado de Minas, nunca faltou com as disputas dele. Ele voltará aqui e tem alguns anúncios e obras a serem feitas. A equipe da Casa Civil está preparando isso e tem prioridades como a questão da BR, que está sendo conduzindo”, disse Macêdo.

 

Durante o período oficial de campanha, entre agosto e outubro do ano passado, Lula esteve em seis cidades mineiras. Antes do primeiro turno, o petista esteve em Belo Horizonte, Ipatinga e Montes Claros. Após a primeira votação até o pleito definitivo, o então candidato retornou à capital, passando também por Ribeirão das Neves, Juiz de Fora e Teófilo Otoni.
(foto: Arte EM)


Peregrinação contornou Minas

Uma vez na cadeira da presidência, Lula ainda não incluiu Minas em seu roteiro. Desde janeiro, ele já esteve em 14 estados: Sergipe, Roraima, Mato Grosso, Paraíba, Rio de Janeiro, Maranhão, Ceará, São Paulo, Pernambuco, Goiás, Pará, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraná. 





 

Nos primeiros semestres de seus dois primeiros mandatos como presidente, Lula esteve no estado. Em 2003, ele teve agenda em Ouro Preto, para a cerimônia de comemoração do Dia de Tiradentes; em Uberaba, para a Expozebu; e em Belo Horizonte, para um encontro com o primeiro-ministro da Noruega.

 

Já em 2007, o petista esteve novamente na Expozebu em Uberaba; esteve na inauguração de uma usina em Uberlândia; e veio duas vezes a BH para inauguração de obras como a renovação da Avenida Antônio Carlos e lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

Investimentos em rodovias
Conforme citado pelo ministro Márcio Macêdo, o aporte de recursos para a malha rodoviária mineira tem peso importante nos investimentos da União no estado. Conforme antecipado pelo Estado de Minas, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) planeja distribuir R$ 1,6 bilhão de verba do governo federal em sete estradas diferentes no estado.



Segundo anunciado, do montante, R$ 1,03 bilhão será destinado para manutenção, e R$ 649,1 milhões, para obras, entre construções e adequações.

 

BR-381, na saída de BH para o Espírito Santo: rodovia está na lista de investimentos do Planalto anunciadas este ano (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A Press - 7/7/23)

Estão na lista de investimentos as BRs 381, 367, 135, 262, 251, 265 e 365. A BR-381 no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares, inclusive, teve edital de concessão publicado no início de julho e passará à administração privada a partir de leilão marcado para novembro deste ano.

Leia também: Veja o que muda com a concessão da BR-381

A empresa responsável pela via deverá investir cerca de R$ 9 bilhões em obras que incluem a duplicação da estrada conhecida como “rodovia da morte”. 

Convocação para os Mais Médicos  

Na retomada de programas da gestão petista como o Mais Médicos, Minas Gerais está entre as Unidades Federativas com mais vagas preenchidas pelo projeto até aqui. Foram chamados 242 profissionais da saúde pelo primeiro edital do projeto, o que coloca atrás apenas de São Paulo, com 602; Rio Grande do Sul, com 298; e Pará, com 291. 





 

O atendimento está alinhado à demanda. Conforme apontado em levantamento do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Minas Gerais (Cosems-MG) feito a pedido do EM em abril, 248 cidades do estado disseram não ter médicos suficientes para o serviço primário de atendimento e 222 disseram que há a necessidade de que profissionais de outros setores se desloquem para fazer atendimentos nas Unidades Básicas de Saúde.

 

 

Em outros programas, como o Bolsa Família, Minas também está entre os principais atendidos. O estado é o quinto com maior número de beneficiários do projeto de transferência de renda, com 1,62 milhão de pessoas recebendo um valor médio de R$ 674,61, segundo o governo federal. Nesta lista, estão à frente apenas São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro e Pernambuco.

Bolsonaro em visita única 

Então candidato à reeleição, Jair Bolsonaro veio a Minas ainda mais vezes que Lula no período eleitoral. Em mais de uma dezena de viagens, o ex-presidente esteve em Juiz de Fora, Belo Horizonte, Betim, Contagem, Divinópolis, Poços de Caldas, Montes Claros, Governador Valadares, Teófilo Otoni e Uberlândia.





 

Após perder as eleições e se exilar nos Estados Unidos, Minas Gerais voltou ao mapa de Bolsonaro apenas uma vez em seu retorno ao Brasil em meio a agenda que concilia viagens como cabo eleitoral do PL e depoimentos à Polícia Federal.

O ex-presidente veio a Belo Horizonte em 30 de junho acompanhar o enterro do ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli e passou na capital mineira o dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou sua inelegibilidade por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo episódio da reunião com embaixadores em julho de 2022.

 

Em entrevista, na ocasião, Bolsonaro relacionou a derrota política ao atentado sofrido em 2018, também em Minas Gerais, em Juiz de Fora. “Tentaram me matar aqui em Juiz de Fora há pouco tempo, com uma facada na barriga, e hoje veio uma facada nas costas com a inelegibilidade por abuso de poder político. Não tenho adjetivo para responder abuso de poder político”, disse o ex-presidente.