Um grupo de brasileiros do interior de São Paulo, suspeitos de envolvimento nas agressões ao magistrado, foi abordado por agentes policiais na chegada ao Brasil e convocado a prestar depoimentos.
A PF investiga o empresário Roberto Mantovani Filho, 71, que estava junto de Andreia Munarão, sua esposa, de Alex Zanata Bignotto, seu genro, e de Giovanni Mantovani, seu filho.
Segundo investigadores, um grupo proferiu expressões como "bandido", "comunista" e "comprado" contra Moraes.
A defesa dos suspeitos citados nega que eles tenham ofendido o magistrado e dizem ter havido apenas um entrevero. O advogado da família, entretanto, evita comentar a agressão ao filho do ministro.
Entenda o que se sabe sobre caso:
**Xingamentos a Moraes**
Moraes participou na Itália de um fórum internacional de direito realizado na Universidade de Siena. Ele compôs mesa no painel Justiça Constitucional e Democracia, da qual participou ainda o ministro André Ramos Tavares, integrante também do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Na área de embarque do aeroporto internacional de Roma, os responsáveis pelas hostilidades se aproximaram e dirigiram ofensas ao ministro, chamando-o de "bandido", "comunista" e "comprado", segundo investigadores.
Também teriam agredido o filho de Moraes com um empurrão. Os óculos caíram no chão devido ao impacto de um golpe no rosto.
**Empresário e família acusados**
A PF apontou Mantovani Filho, Andreia Munarão, Alex Zanata Bignotto e Giovanni Mantovani como possíveis autores das agressões à família do magistrado. É atribuído a Mantovani Filho o golpe no rosto do filho de Moraes.
Neste domingo (16), Bignotto prestou depoimento por duas horas à PF em Piracicaba (SP), e negou a acusação de ofensas ao jurista. Os demais alvos de inquérito serão ouvidos na próxima terça-feira (18) pela corporação.
**Mantovani nega ataques**
O advogado da família de Mantovani Filho afirmou que seus clientes não estavam no aeroporto para hostilizar o ministro, e que estavam "apenas passando e houve um encontro fortuito".
Segundo a defesa, a família chegou ao aeroporto da capital italiana, para embarque ao Brasil, cinco horas antes do voo e procurou uma sala VIP. Em um primeiro espaço, afirmou o advogado, o grupo foi informado que estava cheio. Assim, decidiram buscar outro.
A família seguiu adiante, e teria cruzado com Moraes e seus familiares enquanto buscavam outro local para ficar. Nesse momento, uma das pessoas que acompanhavam o ministro teria entrado em atrito com Andreia Munarão.
Essa discussão teria evoluído para uma agressão ao filho de Moraes, atribuída ao empresário do interior de São Paulo. A família nega que tenha havido qualquer menção ou ofensas ao ministro. "Eles reconhecem que houve um entrevero entre parte do grupo deles e parte do grupo do ministro Alexandre. Ofensas em relação ao ministro, não", afirmou o advogado.
**Agressão a filho de Moraes de fora da defesa**
Apesar de negar qualquer hostilidade a Moraes, a defesa da família de Mantovani Filho evitou comentar sobre a agressão ao filho de Moraes.
**Bolsonaristas contra Moraes**
Moraes se tornou nos últimos anos o principal algoz do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Judiciário, comandando inquéritos que atingem o ex-presidente no STF. Também comandou o TSE nas eleições de 2022 e no julgamento do mês passado que decidiu pela inelegibilidade de Bolsonaro até 2030.
Moraes já foi alvo de xingamentos por parte de Bolsonaro, que, nos últimos dois anos, já chegou a se referir ao ministro como "vagabundo" e como "canalha". O comportamento do ex-chefe do Executivo se replicou a outros membros do Supremo, que passaram a ser alvo de hostilidades com mais frequência.
O caso mais emblemático envolvendo Moraes e outros ministros foi em Nova York, nos Estados Unidos, onde estavam para participar de um evento do grupo Lide, em novembro de 2022.
Um grupo de apoiadores de Bolsonaro passou a hostilizar, além do presidente do TSE, os ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso nos momentos em que circulavam pela cidade e saíam de restaurantes e hotéis. Foi neste contexto que Barroso disse a expressão "perdeu, mané, não amola", em resposta a um dos manifestantes.