Jornal Estado de Minas

DIVINÓPOLIS

'Morte de mãe': Corregedoria de ética proíbe fala de vereador por 180 dias


A Corregedoria de Ética da Câmara de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas, suspendeu o direito de pronunciamento do vereador Diego Espino (PSC), nessa terça-feira (18/7), pelo prazo de 180 dias. A punição foi fixada em razão da conduta do parlamentar ao mencionar a mãe de outro vereador dizendo que queria ter ido ao velório dela, embora ela esteja viva.





A representação foi protocolada pelo vereador Eduardo Print Jr. (PSDB) alegando que Espino desejou a morte da mãe dele, ferindo, assim, o decoro parlamentar.

O caso aconteceu no dia 30 de maio deste ano. Durante críticas à Print Jr., Espino disse que não teve a compreensão dele, em 2022 - na época presidente da Câmara - no episódio da denúncia de infração político-administrativa por quebra de decoro parlamentar.


Na ocasião, o pediu para postergar a votação da admissibilidade devido ao estado de saúde do pai dele. Entretanto, o pedido não foi atendido e a denúncia admitida. Dois meses depois, em junho de 2022, o pai dele morreu. Em agosto seguinte, a mãe de Espino também faleceu. 

Em resposta à declaração, Print Jr disse que foi o único dos vereadores, em solidariedade, a ir no enterro da mãe dele. Espino, então, atacou: “Foi o único vereador que foi no enterro da minha mãe, eu queria que você não tivesse ido no enterro da minha mãe não, … eu queria ter ido no da sua (mãe) não no da minha”.





A vereadora Ana Paula do Quintino (PSC) pediu que a penalidade fosse reduzida para 120 dias. Entretanto, o presidente da Corregedoria, o vereador Ademir Silva (MDB), seguiu o voto do relator Flávio Marra (Patriota).

O relator mencionou o histórico de denúncias registradas contra Espino para justificar o voto.

“O conjunto probatório e o histórico de descontrole emocional do parlamentar, que outrora já foi amenizado e ponderado por este colegiado, mas que o representado não levou em consideração, pois por vezes não vem agindo de modo a zelar pelo prestígio, aprimoramento desta instituição, tão pouco pelas prerrogativas do Poder Legislativo”, afirmou.


“Induzido ao erro”


Em pronunciamento, Espino falou sobre a punição e cobrou o mesmo rigor com outros parlamentares. “Estou aqui para ser punido se caso eu errei. Mas, gostaria que os nobres colegas punissem os que também erraram e de acordo com o peso do erro.”, comentou.





Afirmou que foi induzido por Eduardo Print Jr à fala que gerou a punição. “O vereador presidente desta Casa, afastado por suposta corrupção, ficou no meu ouvido falando coisas e me induziu ao erro, porque não estava na minha fala, falar da mãe dele, que, inclusive eu a conheço. Foi falar que foi no enterro da minha mãe. Você acha que eu gostaria que ele tivesse ido ao enterro da minha mãe? Gostaria que ele tivesse preservado a saúde do meu pai”, disparou.


Repúdio


Em nota, Eduardo Print Jr. voltou a repudiar o comportamento do vereador. “Acreditamos que a política deve ser pautada pelo diálogo, pelo respeito às instituições e pelos valores democráticos. É nosso dever como representantes da população de Divinópolis zelar pela integridade da vida pública e agir de acordo com os mais altos padrões de ética”, afirmou.


Outra representação


Outra representação contra o parlamentar foi protocolada por Conceição Amélia Silva Amaral após ele protagonizar supostos desacatos contra a idosa no episódio envolvendo o bloqueio de uma via – em área privada – no bairro Icaraí. 



A denunciante alegou que o vereador feriu o Estatuto do Idoso. No dia 30 de junho deste ano, ela disse ter passado “por constrangimento, humilhação e consequente assédio moral, num acintoso desrespeito a sua pessoa, a sua idade, seu direito de propriedade”.

A idosa autorizou a passagem de veículos pela propriedade dela, onde há um posto de combustíveis, enquanto eram executadas as obras na MG-050. Com o término, ela comunicou ao Executivo que faria o cercamento do local. Quando estava concluindo, o vereador chegou acompanhado de máquinas da prefeitura e também de uma ordem da procuradoria para que a passagem fosse liberada.

A representação ainda será analisada pela Corregedoria de Ética.