Tanto na visita que fez à Espanha, em abril, quanto na recente ida a Bruxelas para a reunião de cúpula entre a União Europeia e a Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Lula deixou claro que a ideologia política não pode se sobrepor aos interesses do país.
Questionado sobre a possível vitória da direita espanhola, em associação com o radical VOX, o líder brasileiro foi enfático ao ressaltar que nada mudaria nas relações com a Espanha, porque os escolhidos pelas urnas têm respaldo popular. Portanto, não cabe a ele, como presidente do Brasil, desrespeitar a maioria dos votantes espanhóis. “Nossa relação com a Espanha continuará no mesmo nível de respeito, independentemente das eleições”, assinalou.
Lula, porém, não esconde a preferência pela continuidade do Partido Socialista, o PSOE, do atual primeiro-ministro, Pedro Sánchez, que está no poder desde 2018. A proximidade entre eles é grande. O brasileiro fez questão de emendar a visita a Portugal à da Espanha, em abril, e, depois de dizer várias vezes que não participaria da reunião de cúpula entre a União Europeia e a Celac, acabou cedendo aos insistentes convites de Sánchez.
Afinal, a Espanha estava assumindo a presidência temporária da UE e o Brasil, a do Mercosul. Era hora de juntar forças para destravar as negociações de um acordo entre os dois blocos comerciais que se arrastam há mais de 20 anos. Hoje, o tratado é considerado vital pelos europeus.
As mais recentes pesquisas de intenção de votos apontam que o PP tem 34% da preferência do eleitorado, seguido do partido de Sánchez, com 29%. No terceiro lugar, há um empate entre o VOX e o esquerdista Sumar, ambos com 14%. O restante está dividido entre legendas de menor expressão. As eleições espanholas estão ocorrendo no meio das férias e de uma onda de calor que passa de 40 graus.
O pleito estava marcado para dezembro, mas o primeiro-ministro decidiu antecipá-lo com o intuito de conter a movimento crescente da direita e, sobretudo, da extrema-direita, que tiveram vitórias importantes nas recentes disputas regionais. Até as 14h deste domingo (9h da manhã do Brasil), quase 41% dos eleitores já tinha comparecido às seções eleitorais para votar.
A Espanha é a quarta maior economia da União Europeia e, desde o fim do regime violento e sangrento da ditadura fascista de Francisco Franco, que durou 40 anos, vem sendo sistematicamente comandada por partidos de esquerda, mais progressistas. Apesar da boa recuperação da economia depois da crise financeira de 2008 e da pandemia do novo coronavírus, aumentou a insatisfação de grupos que se sentem excluídos dos programas de governo, especialmente dentro da classe média.
Também há um descontentamento com o movimento de imigrantes, a despeito da importância deles para o funcionamento pleno da economia. A xenofobia e o racismo encontram amparo nos posicionamentos da direita extremista.