O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), e seus familiares afirmaram em depoimentos à Polícia Federal que as hostilidades que sofreram no aeroporto de Roma foram políticas e com o intuito de constrangê-lo.
O ministro, sua esposa e seus três filhos prestaram os depoimentos na tarde desta segunda-feira (24/7) na sede da Superintendência da PF em São Paulo.
A reportagem apurou que eles afirmaram que Andreia Munarão, uma das suspeitas de ofenderem o ministro, abordou Moraes quando ele fazia o credenciamento para entrar na sala VIP da companhia aérea TAP e o chamou de "comunista", "bandido" e "comprado".
Depois que Moraes entrou na sala VIP, segundo o depoimento, ela passou a gravar o ministro e a gritar para os seus filhos que ele havia fraudado as urnas e roubado as eleições —ilação comum ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus seguidores.
Nos depoimentos, eles relataram que os filhos do ministro, que ainda faziam o credenciamento, a avisaram que, se ela não parasse, seria processada. O marido de Andreia, Roberto Mantovani Filho, teria então avançado contra o filho de Moraes e repetido as acusações.
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Nesse momento, Moraes foi até eles e disse que era a segunda vez que ofendiam e agrediam sua família. Ele disse à PF que afirmou que tiraria fotos para identificá-los e que eles seriam processados no Brasil.
Moraes acionou a PF após a hostilidade contra ele e sua família na Itália, no último dia 14. O órgão instaurou inquérito para apurar as circunstâncias da abordagem e também de uma possível agressão ao filho do ministro.
A polícia investiga o casal Roberto Mantovani Filho e Andreia Munarão, que estava com Alex Zanata Bignotto, seu genro, e com Giovanni Mantovani, seu filho.
Os defensores dos envolvidos no episódio têm dito que não partiu deles a hostilidade contra o ministro. As afirmações devem ser confrontadas com as imagens das câmeras de segurança, solicitadas pela PF.
A defesa da família investigada sob suspeita de hostilidade a Moraes também avalia pedir às autoridades judiciais italianas as imagens do aeroporto de Roma.
A defesa diz temer não ter acesso imediato ao material após disponibilizado às autoridades brasileiras. "É justo que ambas as partes recebam o material, em igual tempo, podendo analisá-lo na sua plenitude", disse em nota, no fim de semana, o advogado Ralph Tórtima Filho.
"Já solicitamos acesso às imagens nos autos que tramitam no STF. Aguardamos uma decisão nesse sentido. É muito importante que haja respeito a chamada ‘paridade de armas’, permitindo que a defesa também receba, com agilidade, cópia das imagens fornecidas pela Itália."