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Estado de Minas COAF

Mauro Cid movimentou R$ 3,7 milhões em sete meses

O relatório do Coaf aponta que, em 10 meses, a movimentação financeira de Cid registrou R$ 2,11 milhões em débitos e R$ 1,63 milhão em créditos


28/07/2023 04:00 - atualizado 28/07/2023 07:21
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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro tem salário incompatível com sua movimentação financeira, segundo o Coaf
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro tem salário incompatível com sua movimentação financeira, segundo o Coaf (foto: EVARISTO SÁ/AFP)

Brasília - O ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro Mauro Cid movimentou R$ 3,7 milhões entre julho de 2022 e janeiro de 2023, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
 
O órgão, que tem a função de combater lavagem de dinheiro e corrupção, considera a movimentação “incompatível” com o patrimônio de Cid. Ele está preso desde maio após operação da Polícia Federal que investiga adulteração nos cartões de vacina de Bolsonaro e pessoas próximas.
 
A suspeita da PF é que um esquema, do qual Mauro Cid fez parte, adulterou os cartões para beneficiar o então chefe do Executivo federal.

O relatório do Coaf aponta que, em 10 meses, a movimentação financeira de Cid registrou R$ 2,11 milhões em débitos e R$ 1,63 milhão em créditos. Como tenente-coronel do Exército, Mauro Cid tem remuneração de R$ 26.239.
 
“Movimentação de recursos incompatível com o patrimônio, a atividade econômica ou a ocupação profissional e a capacidade financeira do cliente”, avalia relatório do Coaf.  Questionada sobre o relatório, a defesa de Cid disse que todas as transações foram legais. “Todas as movimentações financeiras do tenente-coronel Mauro Cid, inclusive aquelas referentes a transferências internacionais, são lícitas e já foram esclarecidas para a Polícia Federal”, diz nota divulgada.

O relatório do Coaf, divulgado pela Rede Globo, aponta também que houve remessa de dinheiro das contas de Cid para o exterior, no valor de R$ 367,3 mil. Essa remessa ocorreu em janeiro de 2023, período em que Cid e Bolsonaro estavam nos Estados Unidos.
 
O Coaf também escreveu que essa movimentação pode representar tentativa de ocultação de bens: “Considerando a movimentação elevada, o que poderia indicar tentativa de burla fiscal e/ou ocultação de patrimônio e demais atipicidades apontadas, comunicamos pela possibilidade de constituir-se indícios do crime de lavagem de dinheiro ou com ele relacionar-se”.
O órgão aponta ainda pessoas com quem o militar fez transações, como o sargento Luis Marcos dos Reis, que trabalhava para Mauro Cid na Presidência e também é investigado pela Polícia Federal.

Mauro Cid compareceu à comissão parlamentar de inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro, mas, amparado por liminar da ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia – que garantiu a ele o direito que não produzir provas contra si – ficou em silêncio diante de deputados e senadores.
O Ministério Público Militar (MPM) deu um prazo de 10 dias para que o Exército explicar a orientação para que Mauro Cid comparecesse fardado ao seu depoimento à CPMI dos atos golpistas. A decisão foi do procurador-geral de Justiça Militar, Clauro Roberto de Bortolli, em resposta à solicitação de informações protocolada pela deputada federal Luciene Cavalcante (PSol-SP). A parlamentar argumentou que o uso da farda durante depoimento como testemunha por envolvimento em um crime, acaba "maculando a imagem da instituição".

Luciene disse ainda que o requerimento de convocação aprovado pela CPMI não envolve o Exército na justificação, não havendo motivo, portanto, para a orientação do uso da farda. O procurador acatou o pedido, e deu o prazo de dez dias para que o comandante do Exército, Tomás Paiva, esclareça a orientação dada pela Força.




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