Jornal Estado de Minas

USINA HIDRELÉTRICA

Itaipu ganha prioridade para Brasil e Paraguai


Brasilia – A Usina Hidrelétrica de Itaipu e o acordo do Mercosul com a União Europeia foram os principais temas do encontro de ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña. O futuro líder paraguaio disse que os dois países devem pensar o futuro de Itaipu para os próximos 50 anos. Segundo ele, o acordo entre Brasil e Paraguai sobre os aspectos econômicos da usina binacional deve ser finalizado ainda este ano. “Estou muito otimista de que as negociações possam ser concluídas muito rápidas”, disse Peña, após ser recebido por Lula no Palácio da Alvorada, em Brasília.





O encontro entre Lula e Peña tratou de uma agenda ampla de integração global, regional e bilateral entre os dois países. Foram discutidos também temas de cooperação na área de segurança, econômica, passagem de fronteira e também a melhoria da cooperação na área de investimentos para a região. Lula já confirmou a presença nas cerimônias de posse presidencial do paraguaio, em Assunção, em 15 de agosto.

Pelas redes sociais, Lula disse que gostou muito da reunião. “Falamos do acordo da União Europeia e Mercosul e a necessidade de nos engajarmos para fazer as coisas rápido. Também dos paraguaios no Corinthians. Queremos trabalhar juntos nesses anos que teremos pela frente com nossos mandatos em comum”, declarou o presidente brasileiro.

Segundo o presidente eleito do Paraguai, o objetivo é construir uma visão conjunta dos dois países sobre o futuro da hidrelétrica. O tratado de de Itaipu, assinado em 1973 pelos dois governos, fala que, depois de 50 anos, o anexo C, que estabelece os termos financeiros, deve ser rediscutido. “Quando o acordo foi assinado, o objetivo foi construir, operar e pagar a dívida de Itaipu, o que foi feito. A obra foi construída, opera corretamente e a dívida foi paga totalmente. Hoje, temos que falar qual é o novo papel que vai ter para os próximos 50 anos”, afirmou Peña.





Ele disse acreditar ser possível manter as condições de compra do excedente de energia pelo Brasil. Atualmente, cada país tem direito à metade da energia produzida pela usina, mas o Paraguai usa apenas cerca de 15% do total. Pelo tratado, o Brasil tem preferência de compra da energia excedente dos paraguaios. “O Paraguai não está buscando uma política rentista, está buscando uma política desenvolvimentista. O Paraguai quer desenvolver seu país, temos muita gente jovem que quer trabalhar. Estamos buscando uma política econômica que vá gerar emprego, e a ideia não é mudar o emprego do Brasil para o Paraguai”, declarou Peña também.

ACORDO COM UNIÃO EUROPEIA


Outro assunto tratado na reunião, segundo Peña, foi a conclusão do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. “Estou muito otimista que o presidente Lula, como presidente pro tempore do Mercosul vai levar essa negociação de maneira muito exitosa”, disse. Lula tem feito duras críticas ao acordo assinado com a UE durante o governo Bolsonaro que impõe várias sanções impostos pelos europeus, que querem principalmente medidas contra desmatamento, violação de direitos humanos e uso de agrotóxicos.

Os agricultores europeus pressionam os políticos para impor condições, que para algumas alas são pretextos ambientais, pois temem que com a celebração do acordo entre os blocos, os produtos sulamericanos passem a competir no mercado com eles. Lula, entretanto, já deu várias declarações criticando os termos do acordo, inclusive quando esteve na Europa recentemente. Segundo ele, parceiros comerciais não podem ter restrições tão rígidas como as determinadas pela União Europeia.