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Estado de Minas AS CONTAS COM O CENTRÃO

Centrão: 'A hora do acerto de contas chegou'

Sociólogo e analista político Pedro Célio compara o atual mandato de Lula com os anteriores


31/07/2023 04:00 - atualizado 31/07/2023 07:35
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Lula
Para Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, Lula está apenas cedendo à realidade política do país (foto: Reprodução/AFP)
Brasília - O sociólogo e analista político Pedro Célio compara o atual mandato de Lula com os anteriores. “O fator principal no atual mandato é de origem do bloco de poder. O bloco político negociado em 2022 nasceu como frente ampla, com a tarefa explícita de devolver o país à normalidade institucional. Isso não havia nas eleições de 2002 e 2006, quando as alianças eram notoriamente nucleadas pelo PT e seus critérios programáticos. A consequência foi que, desta vez, ocorreu a montagem de um governo de transição e de defesa da democracia, acima dos objetivos de uma ala ou outra. Mas a hora do acerto de contas chegou”, expõe.
A advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em direito público administrativo pela Fundação Getulio Vargas (FGV), analisa que o governo Lula está marcado pelas velhas políticas. “Trata-se de um filme repetido. Os objetivos do atual governo se limitam à coalizão de partidos políticos que viabilizem seus projetos político-ideológicos no curto, médio e longo prazos e, ao mesmo tempo, o apoiem na obtenção de recursos orçamentários para a sua concretização. Nada parecido com o seu primeiro mandato que foi progressista, a despeito da macroeconômica mundial”, avalia.

Segundo ela, o segundo mandato já se revestia de vícios que se multiplicam, tendo como principal objetivo a ascensão da velha esquerda. “Não se visualiza um projeto voltado para a promoção do crescimento econômico com a adoção de estímulos ao investimento privado e, tampouco se constata preocupação com a estabilidade macroeconômica. Ao que parece, a finalidade é a escolha de nomes com motivação exclusivamente política ao mesmo tempo em que se busca eliminar alguns agentes públicos que não se coadunam com a ideologia de esquerda”, opina.

Realidade política 


Para Márcio Coimbra, presidente do Instituto Monitor da Democracia, Lula está apenas cedendo à realidade política do país. “Não é nada relativo ao governo em si. É uma realidade que se coloca diante de vários governos, depende de quando esse governo cede à entrada do Centrão dentro da estrutura do Executivo. Com Bolsonaro, demorou um tempo mais, com Temer o Centrão já entrou diretamente no governo, mas Lula esperou essa acomodação e está fazendo aos poucos”.

“Já tínhamos visto a entrada do União Brasil logo no começo, mas agora ele vem em um bloco mais robustecido, atendendo diversas partes do partido. A gente vai ver o Republicanos cada vez mais se envolvendo no governo. E temos Lira como grande embaixador do Progressistas. E não duvido que mais na frente a gente veja o embarque do PL ou pelo menos um embarque de parte do PL. Talvez depois das eleições municipais isso possa acontecer de uma maneira mais robusta”, diz Marcos Coimbra, lembrando que o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, foi o principal sócio da vitória de Lula em 2003.
“Os dois mandatos de Lula tiveram um vice que teve a benção do Valdemar Costa Neto e era do PL. Lula entende muito bem como se dá essa dinâmica do Centrão e entende que precisa dela para operar a aprovação das medidas no Congresso. Isso tudo é uma realidade do presidencialismo de coalizão”, aponta. Por fim, Marcos Coimbra enaltece amadurecimento por parte do chefe do Executivo em seu terceiro mandato. “Acho que a experiência da dinâmica de poder que ele viveu nos dois primeiros mandatos está sendo essencial para saber os limites das negociações, das concessões e da política nesta gestão”, conclui.
 


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