O ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha declarou nesta terça-feira (1°/8) que a agência emitiu 33 alertas do início do ano até a véspera dos ataques terroristas de 8 de janeiro. Entre as informações prestadas estava o aumento considerável no número de ônibus estacionados em Brasília no dia anterior ao ataque.
Saulo é ouvido hoje na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o 8 de janeiro. Segundo o ex-diretor, o Governo do Distrito Federal (GDF) e "alguns órgãos" do governo federal já tinham as informações de que a manifestação poderia ser de grande porte.
"Entre o dia 2, no qual eu assumi, até o final do dia 8 a Abin produziu 33 alertas de inteligência. Não são relatórios. O relatório de inteligência é um documento estratégico, demora um tempo para ser produzido", explicou o ex-diretor. "Até o dia 4, a informação que nós tínhamos é que a manifestação teria baixa adesão", acrescentou.
O ex-diretor da Abin afirmou que, em 5 de janeiro, a informação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) é que havia 43 ônibus estacionados em Brasília, que vieram trazendo manifestantes bolsonaristas.
"A PRF [Polícia Rodoviária Federal] não estava nos informando nenhuma movimentação atípica, apenas a ANTT. É um contingente grande, mas não é imenso, digamos assim. Mas nós percebemos no dia 6 para o dia 7 um incremento para 105 ônibus", relatou Saulo.
Segundo o ex-diretor, o Governo do Distrito Federal (GDF) e "alguns órgãos" do governo federal estava informada sobre a possibilidade de uma manifestação grande e possivelmente violenta na manhã do dia 8. Relatos da Abin mostraram caminhões de som pouco antes do ataque incentivando invasões às sedes dos Três Poderes.