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Estado de Minas LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Instituto Brasil-Israel emite nota de repúdio por fala de Nikolas Ferreira

Grupo classificou declarações como 'solo para o crescimento do negacionismo e do antissemitismo'. Parlamentar deu entrevista sobre Holocausto e Nazismo


01/08/2023 14:29 - atualizado 01/08/2023 15:44
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Nikolas Ferreira, deputado federal
Entrevista concedida por Nikolas no ano passado voltou a circular nas redes sociais nesta semana (foto: DOUGLAS MAGNO / AFP)
Nesta terça-feira (1/8), o Instituto Brasil-Israel (IBI) emitiu uma nota de repúdio às declarações do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) em que o parlamentar associa a existência de partidos nazistas à liberdade de expressão e cita que há destacamentos da comunidade judaica que aceitam discursos que negam a ocorrência do Holocausto.

“Mais uma vez, a imprensa abre espaço – e, pior, o parlamento brasileiro também – para pessoas que insistem no discurso negacionista, sob a falsa bandeira da democracia. Dessa vez, trata-se do deputado federal Nikolas Ferreira, que defendeu a possibilidade do negacionismo do Holocausto, assim como a existência de partidos nazistas, com o argumento de que ‘o senso crítico’ seria suficiente para frear as consequências”, diz trecho da nota do IBI.

O documento, emitido pela instituição que produz e dissemina conhecimento sobre Israel, promove o diálogo com os públicos que constituem a sociedade civil brasileira e combate o antissemitismo, prossegue afirmando que a fala do parlamentar mineiro sobre a aceitação da negação do Holocausto dentro da comunidade judaica é uma forma de buscar a chancela da vítima para justificar negacionismo: “acionam o judeu imaginário para calar milhões de judeus reais”.

A nota é uma resposta a trechos de uma entrevista concedida por Nikolas a um podcast no fim do ano passado em que o parlamentar, então recém-eleito como o deputado federal mais votado do Brasil, defende apresentações humorísticas com piadas com negros, judeus e pessoas com síndrome de down a partir do que considera ‘liberdade de expressão’. Os vídeos foram resgatados nesta semana e ganharam ampla circulação digital.

Em um dos trechos que causaram polêmica, Nikolas cita, sem atribuir uma obra ou contexto, o linguista americano Noam Chomsky para defender que há judeus que defendem o direito de que grupos divulguem informações questionando o Holocausto, genocídio de cerca de seis milhões de judeus sob regime nazista na Alemanha nas décadas de 1930 e 1940.

“Chokmsky que relata que existem, por exemplo, judeus que não são contrários a uma tese que colocou como se o Holocausto fosse mentiroso. Se for parar para pensar você fala: ‘o hoolocausto aconteceu, vamos deixar falarem que não aconteceu e influenciar pessoas?’. A própria comunidade judaica deu a liberdade desses caras falarem isso”, afirmou. 


Na sequência, o deputado bolsonarista segue utilizando uma pretensa liberdade de expressão para justificar piadas com negros e pessoas com síndrome de down e até mesmo a existência de um partido nazista nos Estados Unidos.

As falas resgatadas de Nikolas estão entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta terça-feira, que inclui na lista de termos mais usados pelos usuários a expressão ‘Nikolas cassado’. Em Brasília, os trechos também tiveram repercussão. O deputado federal André Janones (Avante-MG), notório opositor digital do conterrâneo, anunciou que vai acionar a Procuradoria Geral da República (PGR) por apologia ao nazismo.

Leia a nota do IBI na íntegra:

“Mais uma vez, a imprensa abre espaço – e, pior, o parlamento brasileiro também – para pessoas que insistem no discurso negacionista, sob a falsa bandeira da democracia. Dessa vez, trata-se do deputado federal Nikolas Ferreira, que defendeu a possibilidade do negacionismo do Holocausto, assim como a existência de partidos nazistas, com o argumento de que ‘o senso crítico’ seria suficiente para frear as consequências.

O deputado cita, ainda, um judeu que supostamente aceitaria a abertura de um partido nazista no Brasil. Mais uma vez, buscam a chancela da vítima para justificar negacionismo. Acionam o judeu imaginário para calar milhões de judeus reais.

A história expõe que se trata de falácias. Dar solo para o crescimento do negacionismo, do antissemitismo e de qualquer tipo de opressão ou preconceito traz consequências nefastas para a sociedade.

Mentira não é liberdade de expressão.

O Instituto Brasil-Israel repudias veementemente a fala do deputado, que falta com respeito às vítimas, aos sobreviventes e a todos que lutam para preservar a memória dos efeitos produzidos pelo nazismo.”

Instituto Brasil-Israel


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