Brasília - O novo ministro do Turismo, Celso Sabino (União Brasil-PA), tomou posse, na manhã de ontem, em cerimônia no Palácio do Planalto. O evento teve o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao lado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), de quem o novo ministro é aliado. Lula não discursou. Também estavam presentes os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), que são cotados para entrar no governo. Lula e Lira estiveram reunidos por alguns minutos, antes da posse. A posse de Sabino é considerada estratégica, porque marca o alinhamento de partidos do Centrão no primeiro escalão do governo federal.
Durante o seu discurso, Sabino disse que vai lançar um programa para abaixar o preço do turismo no Brasil para pessoas idosas e de baixa renda. “Para incrementar o fluxo turístico interno, lançaremos o 'Conheça o Brasil', pois muitos brasileiros ainda não conhecem o seu próprio país. É um programa de estímulo a viagens por meio de parcerias com a iniciativa privada, que ofertará descontos para pessoas da melhor idade e para trabalhadores de baixa renda.”
Sabino conversou com jornalistas após a cerimônia. Ele foi questionado sobre qual o impacto no aumento e consolidação da base do governo a sua posse teria, mas evitou responder diretamente. “Penso que o ministro Padilha tem feito um excelente trabalho para melhorar essa interlocução. Vejo hoje aqui com a presença de um grande número de deputados, de vários partidos prestigiando essa posse. Acho que o governo tem o mesmo interesse do Congresso de promover o bem da nação brasileira, desenvolver o Brasil”, afirmou.
“Acho que quando você junta pessoas com o mesmo objetivo, para trabalhar juntos, para elaborar projetos juntos, programas políticos juntos, a tendência é que todo mundo continue nessa caminhada e isso passa também pela ampliação e fortalecimento da base no Congresso", completou.
O líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), afirmou que a posse de Sabino tem “capacidade política muito grande” de impulsionar o apoio de sua bancada ao governo. No entanto, ressaltou que existe uma parcela dos deputados do partido que têm diferenças com o governo e que isso precisará ser respeitado. Na mesma linha, o presidente nacional da União Brasil, Luciano Bivar, acrescentou que a entrada de Sabino no governo não significa que o partido esteja “dogmaticamente’ com o governo. “Acho que essa posse é muito emblemática com a junção, com o apoio da União Brasil ao governo. Mas não significa que dogmaticamente esteja com o governo. A qualificação de Sabino vai fazer com que haja mais apoio às pautas que diz respeito ao governo”, afirmou.
Sabino já comanda a pasta há quase um mês, após a publicação de sua nomeação no Diário Oficial da União, em 14 de julho. No entanto, não havia sido empossado oficialmente. Ele substitui Daniela Carneiro, que deixou o cargo após grande pressão da União Brasil e do bloco político centrão. A ex-ministra não compareceu à posse de seu sucessor e não foi citada em nenhum dos discursos.
NÃO É “COISA ABSURDA”
Em entrevista a um conjunto de rádios da região amazônica ontem, Lula disse que fará mudanças em seu governo porque quer obter maioria no Congresso Nacional para aprovar as pautas que interessam a sua gestão. O petista disse que as mudanças não podem ser vistas como “coisa absurda”. Por outro lado, acrescentou que não tem pressa para promover as mudanças porque “não pode mexer uma peça errada”. Lula concedeu entrevista para um conjunto de rádios da região amazônica.
O mandatário foi questionado sobre a perspectiva de uma reforma ministerial, para acomodar os partidos de centro e ampliar assim a sua base de apoio no Congresso. “Nós vamos fazer ajustes no governo porque eu tenho interesse de construir uma maioria para que até o final de 2026 a gente possa votar as coisas importantes, de interesse do povo brasileiro. Por isso troca de ministro não pode ser vista como uma coisa absurda, como uma coisa menor.” “É uma coisa muito importante, nós temos partidos importantes que querem participar do governo, que querem fazer parte da base do governo, então nós vamos conversar com esses partidos”, afirmou o presidente.
Lula ainda disse não ter pressa para a troca e acrescentou que as mudanças não estão definidas, mas que haverá uma decisão sobre o tema na semana que vem. União Brasil, PSD e MDB, foram contemplados na montagem da Esplanada, no fim do ano passado, com três ministérios cada um e hoje são pressionados a entregar mais votos ao governo em projetos na Câmara. Apesar do espaço ocupado, esses partidos têm alas dissidentes oposicionistas, o que acaba encolhendo o apoio a Lula no Congresso.
O Planalto discute novas mudanças, além da efetuada no Ministério do Turismo, que foi empossado por Lula ontem. O objetivo é atrair outros partidos de centro para a base do governo, em particular o Republicanos e o PP, a legenda do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
PF prende fazendeiro que ameaçou petista
Brasília – A Polícia Federal (PF) prendeu ontem o fazendeiro do Pará André Luiz Teixeira, suspeito de ter ameaçado “dar um tiro” no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estará no estado a partir de hoje. A prisão ocorreu em Santarém. Fontes informaram que Teixeira chegou a tentar descobrir o hotel em que Lula irá se hospedar em Santarém hoje. Em comunicado, a PF informou que o suspeito teria feito ameaças enquanto fazia compras em loja de bebidas na quarta-feira. Enquanto realizava a compra, Teixeira teria dito que daria um tiro na barriga do presidente e perguntado aos presentes se sabiam onde ele se hospedaria quando fosse à cidade.
O inquérito foi aberto após uma testemunha fazer denúncia logo depois da ameaça. Ele responderá pelos crimes de ameaça e incitação de atentado contra autoridade por motivação política. O fazendeiro é vinculado a grilagem e ao garimpo. Ele teria terras avaliadas em R$ 2,5 milhões. Ao ser preso pela PF, Teixeira disse aos policiais que participou dos atos de 8 de janeiro, em Brasília, e que teria invadido o salão verde da Câmara dos Deputados. Ele afirmou ainda que teria participado das manifestações em frente ao 8º Batalhão de Engenharia de Construção, em Santarém, durante 60 dias ininterruptos e que, inclusive, financiou a o ato político com R$ 1 mil a cada dia.
Lula participará da Cúpula da Amazônia, em 8 e 9 de agosto, no Pará. Antes, no dia 7, está previsto que ele visite o Navio Hospital Escola Abaré, e no mesmo dia, participe da Inauguração da Infovia 01. O Ministério da Justiça confirmou a prisão de Teixeira em Santarém.
Pelas redes sociais, o ministro da Justiça, Flávio Dino, disse, na noite de ontem, que as ameaças a autoridades dos poderes da República “não são liberdade de expressão” e que a Polícia Federal “seguirá aplicando a lei contra criminosos”. “Mesmo após o fracasso dos atos golpistas praticados na capital federal em 8 de janeiro, ainda existem pessoas que ameaçam matar ou agredir fisicamente autoridades dos ooderes da República. Isso não é “liberdade de expressão” e a Polícia Federal seguirá aplicando a lei contra criminosos. Renovo os apelos para que as pessoas protestem pacificamente e esperem a eleição de 2026”, afirmou o titular da pasta de Justiça e Segurança Pública.