A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os ataques do 8 de janeiro analisa e-mails do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), tenente-coronel Mauro Cid, nos quais ele negocia a venda de um relógio de luxo recebido em viagem oficial.
Cid pretendia vender o relógio, da marca Rolex, por US$ 60 mil, algo em torno de R$ 300 mil na cotação atual. O objeto negociado pode ter sido o Rolex recebido por Bolsonaro durante uma viagem à Arábia Saudita, em 2019 , junto com outras joias, que foram devolvidos pela defesa do ex-presidente este ano. A informação é do jornal O Globo.
Leia Mais
Wajngarten critica vazamentos de dados bancários de Mauro CidDefesa de Cid pede arquivamento de ação por 'abuso do direito ao silêncio'Mauro Cid está preso em batalhão comandado por amigoWassef é alvo de busca e tem celular apreendido em restaurante de SPAnderson Torres: 'Nunca questionei o resultado das eleições'8 de janeiro: imagens do Ministério da Justiça vão para CPMICerco se fecha contra bolsonaristas enrolados na JustiçaNikolas defende Monark: 'Proibido de existir e trabalhar'Kit com joias sauditas
Mauro Cid respondeu que não tinha o certificado do relógio, justificando que "foi um presente recebido durante uma viagem oficial", e afirmou que esperava receber US$ 60 mil pelo objeto. Segundo o jornal, os e-mails não detalham o contexto do recebimento do relógio.
A descrição do relógio no e-mail bate com o Rolex recebido pelo ex-presidente em kit com caneta, um par de abotoaduras, um anel e um "mashaba", um tipo de rosário árabe. O kit foi devolvido pela defesa do ex-presidente em abril deste ano, após a Polícia Federal instaurar um inquérito para investigar outro conjunto de joias, avaliado em R$ 5 milhões, que foi retido pela Receita Federal do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.
Cid tentou reaver esse outro conjunto, sem sucesso. Procurada, a defesa do ex-ajudante de ordens disse que não teve acesso aos e-mails em posse da CPMI. O colegiado também apura movimentações financeiras consideradas suspeitas pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em contas de Mauro Cid, no valor de R$ 3,2 milhões.