Sem definição para a reforma ministerial, o presidente Lula (PT) tem alimentado o Centrão com sinalizações sobre qual deve ser o desenho da nova Esplanada a ser proposto ao PP e ao Republicanos. Aliados esperam que o desfecho ocorra depois do lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), na próxima sexta-feira, dia 11, e antes de viagem ao Paraguai, no dia 15.
No encontro secreto que teve na quarta-feira da semana passada com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Palácio da Alvorada, Lula reforçou que cumprirá a promessa de incluir parlamentares do PP e Republicanos no ministério. Segundo relato de Lira a aliados, porém, o petista teria indicado que a reforma ministerial está travada principalmente por causa da incerteza sobre as pastas que oferecerá, sobretudo a que será entregue ao PP.
O presidente sinalizou que o Republicanos pode mesmo ocupar a chefia do Ministério dos Esportes, como o partido pleiteia. No caso do PP, é grande a chance de o partido chefiar a Caixa Econômica Federal. Não está definido, porém, qual ministério será oferecido à legenda.
Lula aproveitou o encontro, segundo auxiliares presidenciais, para rechaçar que vá dar ao PP o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo Bolsa Família. O encontro de Lira e Lula não constou na agenda de nenhum dos dois. O pedido de reunião partiu do próprio presidente da Câmara, segundo auxiliares.
Ministério dos Esportes
Lula sinalizou a integrantes da cúpula de seu partido a disposição de que a reforma tenha como alvo ministérios comandados hoje por titulares sem padrinhos políticos e representantes de PSB e PT. Aliados de Lula, no entanto, adotam cautela e ainda veem alguma sobrevida da ministra Ana Moser (Esportes).Eles afirmam que ela tem apoio do meio esportivo, principalmente de atletas, e dizem que sua eventual saída geraria muitos ruídos para o presidente, ainda mais num momento em que ela tem se dedicado à candidatura do Brasil para receber a Copa do Mundo feminina em 2027.
Reflexos no Congresso Nacional
Segundo membros do governo, a demora em concretizar a reforma ministerial gera mal-estar com parlamentares, num momento em que pautas consideradas prioritárias para o governo estão em tramitação no Congresso, como por exemplo o novo arcabouço fiscal na Câmara e a Reforma Tributária no Senado.
A morosidade tem gerado irritação em parlamentares. O presidente embarcou para Belém na sexta-feira, onde ficará até o dia 9. Em seguida, tem previsão de viagem para o Rio, no dia 10 e 11, e para o Paraguai, no dia 15. A expectativa é que ele resolva as trocas antes da viagem internacional.
Entre os desenhos possíveis de mudança na Esplanada, está a possibilidade de criação de um novo ministério para abrigar representantes do Centrão. Segundo relatos, uma alternativa seria desmembrar a pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, chefiada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), para criar um ministério da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo (atualmente com o status de secretaria dentro do ministério).
Postos cobiçados
Outro desenho prevê remanejar Alckmin e dar ao Centrão o comando do próprio ministério. O vice-presidente, porém, dá sinais de que não gostaria de deixar a chefia da pasta. Além disso, o vice-presidente tem feito um trabalho bem avaliado por palacianos e gosta do ministério. Cobiçados, os Correios e a Embratur devem continuar nas mãos de aliados de Lula. O presidente sinalizou que não quer entregar essas estatais ao grupo de Lira.
Diante das movimentações para atrair partidos do Centrão, membros do PSD, que tem três ministérios na Esplanada e é da base governista, se reuniram com Alexandre Padilha para pleitear o comando da Funasa (Fundação Nacional de Saúde). Com orçamento bilionário, o órgão havia sido extinto no começo da gestão petista, que planejava distribuir as atividades da fundação entre os ministérios da Saúde e das Cidades, mas o Congresso Nacional decidiu recriá-lo.