Jornal Estado de Minas

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Aécio Neves critica declaração de Zema: 'Desserviço ao nosso estado'

O deputado federal Aécio Neves (PSDB), que governou Minas Gerais de 2003 a 2010, criticou a declaração do atual chefe do Executivo estadual, Romeu Zema (Novo), ao dizer que quer protagonismo político para as Regiões Sul e Sudeste contra o Norte e o Nordeste. De acordo com o parlamentar, defender os interesses de Minas Gerais é obrigação de todo governante, mas que solidariedade, articulação e convergência são fundamentais.




 
 
"Infelizmente, o governador Zema, talvez por não ter se expressado da forma adequada, acabou por criar mais problemas do que as soluções que busca. Sempre precisamos e muitas vezes contamos com alianças com outras regiões, em especial o Nordeste brasileiro”, ressaltou.

Ele continuou: “Minas nunca foi antagônica às regiões mais pobres do país, até porque fazemos parte delas, muito menos imaginou liderar esse antagonismo. É preciso corrigir rapidamente a rota para não sermos, a partir de agora, vítimas de retaliações que não precisamos. Temos uma longa e importante agenda de interesse do Estado para tratar e excluir possíveis parceiros nessas tratativas, como sugere a fala do governador, será, ao final, um grande desserviço ao nosso estado."

Frente sul-sudeste 

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Zema disse que são necessárias ações do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud) para se defender no Congresso Nacional de perdas econômicas em resposta aos estados do Norte e Nordeste. O objetivo do governador mineiro é que os estados atuem em conjunto para frear prejuízos às unidades federativas no Congresso. 





"Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos. Ficou claro nessa reforma tributária que já começamos a mostrar nosso peso", afirmou Zema.

O exemplo de atuação e o foco das atividades será a reforma tributária, que vai ser analisada no Senado, ainda segundo Zema. Para ele, os estados do sudeste sempre vão estar em desvantagem.

"Temos feito o mesmo trabalho com o senadores de nossos Estados e o que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos - que é necessário, mas tem um limite - de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada", disse o governador de Minas.

Na entrevista, Zema disse ainda que "Bolsonaro foi fundamental" para a Direita e que seria importante unir os candidatos em um nome que tenha apoio. "Se for para lançar dois, três nomes, aí é para dar de mão beijada a reeleição ao adversário", declarou. 




 

Zema diz ser mal interpretado

Em junho, durante encontro do Cosud, em Belo Horizonte, Zema teve que se retratar depois de dizer que estes estados concentram mais trabalhadores que no restante do Brasil. “São estados onde, diferentemente da grande maioria, há uma proporção muito maior de pessoas trabalhando do que vivendo de auxílio emergencial”, declarou o governador mineiro. 

No dia seguinte, Zema disse que não se expressou da melhor forma e que foi mal interpretado. "Ontem, por uma questão talvez de não usar as palavras mais adequadas, eu acabei sendo mal interpretado. Porque quem conhece o brasileiro sabe que o que ele quer é um trabalho digno. Ele recebe o auxílio porque não está tendo opção e nós governadores do Sul e Sudeste valorizamos a geração de empregos", afirmou.