O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), voltou a contemporizar sobre as declarações do líder mineiro Romeu Zema (Novo) acerca da defesa da congregação de estados do Sul e Sudeste brasileiro frente ao Nordeste. Em entrevista à Globonews, o gaúcho fez elogios a outras regiões do país e reforçou associações entre as unidades federativas de diferentes localidades do país.
Diante da repercussão negativa da entrevista concedida por Zema ao jornal O Estado de S. Paulo no sábado (5/8), Leite reforçou que a união entre Sul e Sudeste não busca contrapor regiões brasileiras.
“A gente vai fazer esse debate dentro do melhor respeito, com uma visão republicana federativa, olhando para o Brasil sem colocar uma região contra outra região, mas naturalmente haverá um debate com pontos de vistas diferentes sobre como esse recurso deve ser dividido, mas jamais colocando povo contra povo”, disse em entrevista.
Já é a segunda vez que Leite aparece para repercutir a fala do mineiro. Ainda durante o fim de semana, o governador gaúcho usou as redes sociais para se posicionar contra o exposto por Zema, mas defendendo a união dos estados. Na entrevista de hoje à Globonews, o tucano reiterou os elogios à articulação política dos estados nordestinos.
“Eu penso em um só Brasil, eu penso em uma nação que busca convergência. Agora, é natural que, em um país continental como o nosso, que regiões e estados busquem associações e consórcios para as pautas que têm em comum. No Nordeste fizeram o Consórcio Nordeste, unindo os nove estados que têm muita força. É admirável e respeitável essa união dos estados do Nordeste em torno das suas pautas”, afirmou Leite, que ainda trouxe à tona o investimento de Pernambuco na indústria de vinhos e do Ceará no polo sapateiro, atividades que têm em comum com o Rio Grande do Sul.
As aparições públicas do governador do Rio Grande do Sul acontecem na esteira da repercussão gerada pela entrevista de Zema em que ele reitera pedidos por mais participação política no cenário nacional e uma maior fatia na divisão de recursos da União em contraposição ao Norte e Nordeste, por exemplo.
"Temos feito o mesmo trabalho com o senadores de nossos Estados e o que nós queremos é que o Brasil pare de avançar no sentido que avançou nos últimos anos - que é necessário, mas tem um limite - de só julgar que o Sul e o Sudeste são ricos e só eles têm que contribuir sem poder receber nada Está sendo criado um fundo para o Nordeste, Centro-Oeste e Norte. Agora, e o Sul e o Sudeste não têm pobreza? Aqui todo mundo vive bem, ninguém tem desemprego, não tem comunidade...Tem, sim. Nós também precisamos de ações sociais. Então Sul e Sudeste vão continuar com a arrecadação muito maior do que recebem de volta? Isso não pode ser intensificado, ano a ano, década a década", disse Zema.
Não é a primeira vez que Zema se coloca no centro de polêmicas por declarações desta natureza. No início de junho, por ocasião do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), o governador se manifestou repetidamente sobre a necessidade de maior participação política e econômica das regiões. À época, a fala mais polêmica do mineiro tratou sobre a maior presença de trabalhadores dependentes de auxílios governamentais em outras regiões brasileiras.