O chefe da autoridade monetária também citou que o núcleo da inflação de serviços –parâmetro que tira os itens mais voláteis– ainda continua elevado.
"No caso do Brasil, o que hoje preocupa hoje um pouco mais é a inflação de serviços, que tem caído muito lentamente. Ela preocupa especialmente quando afeta a inflação de salários, a gente não tem visto isso ainda, a gente tem visto até uma melhora recente na inflação, apesar do núcleo inflação de serviços ainda estar alto", afirmou.
"A gente vê que a inflação de serviços tem caído, mas ainda se encontra em um patamar bem acima da média. Quando olha o núcleo da inflação de serviços, tirando os itens mais voláteis, quando olha o intervalo mais curto não tem caído, mostrou uma ligeira subida", acrescentou.
Campos Neto compareceu no Senado Federal para prestar contas sobre as decisões tomadas pela autoridade monetária em relação à inflação, à política de juros e à estabilidade financeira. Conforme a lei de autonomia, em vigor desde 2021, o presidente do BC tem de ir ao Congresso Nacional prestar esclarecimentos ao menos duas vezes ao ano.
"Lembrando que amanhã [sexta] sai o número de inflação fechado, a gente deve ter uma pequena melhora, mas a gente está olhando a inflação serviços como um elemento importante para convergência de todos os fatores da inflação", disse.
O índice oficial de inflação do Brasil (IPCA) atualizado será conhecido nesta sexta-feira (11). De acordo com o último dado disponibilizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a alta acumulada em 12 meses desacelerou para 3,16% até junho.
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15), que sinaliza uma tendência para os preços, teve queda de 0,07% em julho, com recuo dos preços de energia elétrica e alimentos.
No cenário de referência do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, a projeção de inflação para este ano caiu para 4,9% e, para 2024, se manteve em 3,4%. Para 2025, a estimativa é de 3%.
Atualmente, os objetivos perseguidos pelo BC são 3,25% neste ano e 3% a partir de 2024, com intervalos de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Em junho, o CMN (Conselho Monetário Nacional) determinou que, a partir de 2025, o objetivo passará a ser perseguido de forma contínua, não mais seguindo o ano-calendário.
O Copom iniciou no dia 2 de agosto o ciclo de cortes de juros, com a redução da taxa básica em 0,5 ponto percentual —de 13,75% para 13,25% ao ano. Coube a Campos Neto dar o voto decisivo no apertado placar de 5 a 4.