Em 10 dias, três operações da Polícia Federal miraram aliados de Jair Bolsonaro , sendo que o próprio ex-presidente está entre os citados em relatórios policiais enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações estão interligadas a uma série de ações realizadas deste o ano passado, que passa pela acusação, sem provas, de fraude no sistema eleitoral, realizadas por Bolsonaro, a decisão dele de deixar o país, os atentados de 8 de janeiro e as recentes revelações da venda de presentes para aumentar o patrimônio de pessoas envolvidas na gestão do país até o ano passado .
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Joias de Bolsonaro: PF chama de 'operação resgate' ação do advogado WassefJornal Nacional: PF vê organização criminosa em torno de BolsonaroJoias de Bolsonaro foram a leilão, mas não houve interessadoBolsonaro evita se explicar sobre joias e diz que prisões visam delaçãoRicardo Salles ofende assentado do MST: 'Vai trabalhar, vagabundo'É falso que Lula e Dilma furtaram itens do Palácio do PlanaltoNo entanto, ao perseguir um homem negro com uma arma em punho, no Centro de São Paulo, na véspera do segundo turno da eleição, ela levantou a ira de Bolsonaro, que a acusa de ser a responsável por fazê-lo ser derrotado nas urnas. Zambelli está sendo investigada por suposta atuação junto com o hacker Walter Delgatti Neto para invadir o sistema do Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). O objetivo era inserir uma ordem de prisão falsa contra o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes. O magistrado se tornou alvo de bolsonaristas por duras medidas contra quem questionava a integridade das urnas sem evidências.
De acordo com a PF, a operação, chamada de 3FA, tem como objetivo, também, esclarecer a invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva em São Paulo e três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, além de análise do material apreendido. Ainda segundo a Polícia Federal, os crimes apurados ocorreram entre 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Silvinei
Na quinta-feira, o alvo foi o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vasques. Ele é acusado de ter comandado uma série de blitze em cidades do Nordeste no dia da votação em segundo turno. O objetivo seria impedir que eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegassem até os locais de coleta dos votos, para tentar alterar o resultado das eleições. A PF encontrou planilhas e documentos que mapearam os votos em Lula no primeiro turno. As evidências apontam que foi criada uma estratégia para tentar minar as votações em colégios eleitorais de Lula.
Além de Vasques, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, é citado na investigação. Ele teria realizado reuniões com a cúpula da PRF e ter ficado a par da situação, sendo suspeito de comandar as barreiras policiais. Silvinei foi preso na ação e levado para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde permanece até o momento, à disposição da Justiça. Thuan Gritz, advogado especialista em direito penal econômico, afirma que existem indícios de que Anderson Torres e Silvinei Vasques cometeram diversos crimes. "Em um primeiro plano, a decisão adotada pelo Ministro Alexandre de Moraes, no bojo de pedido de busca e apreensão (pessoal e domiciliar) e prisão preventiva, aponta, a partir de elementos da investigação, participação direta de Silvenei Vasques como ex-diretor-geral da PRF, na situação de interferências nas eleições, indicando ocorrência de diversos crimes: prevaricação, violência política, abuso de autoridade, e ainda alguns delitos do Código Eleitoral", destaca.
Joias e presentes
Na sexta-feira, foi deflagrada a operação Lucas 12:2, que faz referência ao versículo bíblico que afirma que "não há nada escondido que não venha a ser descoberto". O objetivo é desmontar um grupo que se articulou para usar a estrutura do Estado para desviar bens com a finalidade de incorporar os recursos ao patrimônio pessoal. No centro das suspeitas estão Jair Bolsonaro, o ex-ajudante de ordens dele, Mauro Cid, o general Mauro Lorena Cid, pai de Cid , o ex-advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef e outros aliados do presidente.
Em um dos trechos, a PF aponta diálogos que revelam que Bolsonaro receberia US$ 25 mil dos bens vendidos, entre eles um relógio Rolex de alto valor. O objeto chegou a ser vendido, mas foi alvo de uma operação dos suspeitos para ser comprado em razão do temor de que o Tribunal de Contas da União (TCU) ordenasse a devolução — o que de fato ocorreu logo depois. A venda dos objetos ocorreu nos Estados Unidos, para onde Bolsonaro foi após perder as eleições.
Na conturbada linha do tempo bolsonarista, em 8 de janeiro, extremistas invadiram as sedes dos Três Poderes. Sem aceitar o resultado das eleições, vandalizaram prédios públicos em Brasília. O resultado foram operações policiais, denúncias da Procuradoria-Geral da República (PGR) e abertura de ação penal que envolvem 1.290 pessoas que serão julgadas pelo Supremo nos próximos meses.
O advogado Berlinque Cantelmo, especialista em ciências criminais, destaca que os atentados foram inéditos no âmbito do direito penal e que se constata a existência de organização criminosa. "Os atos golpistas do dia 8 de janeiro são parte efetiva de um fragmento lamentável da história brasileira. Do ponto de vista criminal, algo sem precedentes. É por isso, que certamente, o patrono da ação penal, a PGR, irá, de certa forma, buscar que todos sejam condenados de acordo com as penas que lhes cabem de acordo com o concurso de crimes, concurso de pessoas e obviamente todo o arcabouço de organização criminosa que envolvem não só os atos executados, mas toda estrutura de mobilização, de mentoria individual, certamente serão alvos de avaliação", diz.