A Polícia Federal investiga um suposto esquema de venda ilegal de joias e bens de luxo da União para favorecer o patrimônio privado de Jair Bolsonaro. Na última sexta-feira (11/8), foram realizadas buscas e apreensões em endereços dos aliados e principais nomes ligados ao ex-chefe do Executivo.
Entre eles, o tenente-coronel Mauro Cid — que está preso — e o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid (pai do militar); Osmar Crivelatti, braço direito do ex-ajudante de ordens; e Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro.
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Com o apoio dos EUA, a PF brasileira pretende ter acesso às contas bancárias do ex-presidente, de Mauro Cid e do general Mauro Loureira Cid, mantidas no país norte-americano. A polícia também busca o rastreamento das joalheiras envolvidas na venda das peças, principalmente do relógio que teria sido “resgatado” por Wassef.
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O acessório, de platina cravejado de diamantes, foi entregue por sauditas a Bolsonaro durante uma viagem oficial, em 2019. O objeto foi levado para os Estados Unidos e, segundo a PF, em junho do ano passado, foi vendido por mais de U$S 68 mil, cerca de R$ 346 mil. É nesta parte da história que entra Frederick Wassef. Ele teria ido aos EUA para recomprar o relógio, que estava exposto em uma joalheria de Miami, para entregar ao Tribunal de Contas da União (TCU).
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Venda ilegal
A suspeita da PF é que as operações funcionavam por determinação de Jair Bolsonaro e que teriam rendido R$ 1 milhão. Na noite da última sexta-feira, os investigadores pediram ao STF a quebra de sigilo fiscal e bancário do ex-presidente. A apuração também solicitou que ele seja ouvido no inquérito. Segundo a corporação, a ofensiva para incorporar bens públicos ao acervo privado driblou até mesmo o setor do Planalto, responsável por catalogar os presentes dados ao presidente da República.
A PF afirma que esses itens foram levados aos Estados Unidos no mesmo avião em que Bolsonaro viajou em dezembro do ano passado. As conversas ainda mostram Mauro Cid pedindo que o pai dele enviasse fotos das joias. Em uma das imagens, aparece o reflexo de Mauro Cesar na caixa dos presentes. Ele chegou a enviar ao militar dois endereços de lojas e comércios de ouros e metais preciosos nos EUA.
Os agentes da PF tiveram acesso a troca de mensagens em que Mauro Cid afirma que o pai está em posse de US$ 25 mil em dinheiro vivo, e que o montante deveria ser entregue a Jair Bolsonaro. A suspeita é que o valor seja oriundo da venda de bens desviados da União. Na mensagem interceptada pela polícia, o militar indica que estaria com medo de usar o sistema bancário e que preferia em “cash”.