Presidente da CPI do 8 de Janeiro, o deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) disse nesta terça-feira (15/8) que não deve inserir nas apurações da comissão as suspeitas de desvio de joias entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A Polícia Federal deflagrou uma operação na última sexta (11/8) para apurar suposto esquema de desvio ao acervo privado de Bolsonaro de joias presenteadas por autoridades estrangeiras, além da tentativa de venda dos itens de luxo.
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A relatora da CPI, Eliziane Gama (PSD-MA), disse que vai insistir na inclusão do caso das joias nos trabalhos da comissão. "Uma das buscas da CPI é entender quem financiou os atos antidemocráticos", afirmou a senadora.
Maia descartou avaliar o caso das joias após o deputado Duarte Junior (PSB-MA) sugerir que a comissão se debruçasse sobre o tema. Ele também pediu quebra de dados telemático e fiscal do ex-presidente.
"Não vou entrar nisso, isso não tem nada a ver com o 8 de janeiro", disse o presidente da CPI. O deputado afirmou que outra CPI poderia tratar do tema, desde que haja assinaturas suficientes para abrir esta comissão.
Duarte Junior argumentou que a CPI deveria avaliar, entre outros pontos, se a venda das joias teria como objetivo financiar atos antidemocráticos.
Já a relatora da CPI disse que a comissão "precisa entender" se os valores citados em negociações feitas pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-chefe dos ajudantes de ordem de Bolsonaro, foram usados na articulação das manifestações.
Para os investigadores, mensagens de auxiliares de Bolsonaro mostram que havia um esquema para viabilizar o enriquecimento ilícito do ex-presidente.
"Entendemos que esta comissão precisa entender e precisa compreender, precisa chegar, na verdade, a uma conclusão se parte deste recurso também foi utilizado para o financiamento desses atos golpistas ou não", disse a relatora. Eliziane disse que está conversando com o presidente e membros da CPI para chegar a "acordos" sobre as apurações.
Diversos parlamentares protocolaram pedidos de convocação ou quebra de sigilos de Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro após a ação da PF. Também foram apresentados requerimentos a respeito de auxiliares do ex-presidente.
A CPI ouve nesta terça o repórter-fotográfico Adriano Machado, da agência de notícias Reuters, que fez a cobertura jornalística dos ataques golpistas dentro do Palácio do Planalto. A relatora da CPI defendeu o trabalho da imprensa e disse que Machado nem sequer deveria ter sido chamado para a comissão.
Antes do depoimento, parte dos membros da CPI afirmou que o Ministério da Justiça não entregou todas as imagens registradas por câmeras de segurança da pasta no dia 8 de janeiro.
O senador Sergio Moro (União Brasil-PR) pediu que fosse feita uma busca e apreensão no ministério comandado por Flávio Dino (PSB-MA).
O presidente da CPI descartou a possibilidade de acionar a polícia para buscar as imagens. "Não sou homem de bravatas, de dizer que vou mandar Polícia do Senado para cumprir mandato de ordem de busca e apreensão", disse Arthur Maia.
O deputado disse que questionou o STF (Supremo Tribunal Federal) sobre o alcance de uma decisão dada pelo ministro Alexandre de Moraes para a entrega das imagens do Ministério da Justiça. "O pedido da CPMI foi muito além daquilo que foi enviado", disse o presidente da CPI.