O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se referiu a Jair Bolsonaro (PL) como ‘fascista e genocida’ durante discurso de fechamento da Marcha das Margaridas, em Brasília, nesta quarta-feira (16/8). Diante de dezenas de milhares de pessoas na Esplanada dos Ministérios, o petista fez um pronunciamento inflamado e assinou oito decretos em resposta às reivindicações do movimento formado por trabalhadoras rurais.
Mesmo sem citar o nome do ex-presidente, Lula disse que só voltou ao Palácio do Planalto para cuidar do povo e enfileirou críticas à gestão que o precedeu neste terceiro mandato à frente da Presidência da República.
“A única razão pela qual eu voltei a ser presidente da República desse país, tirando aquele fascista e genocida do poder, foi para provar a esse país e ao mundo que esse país tem condição de tratar o seu povo com respeito. Esse país pode cuidar da saúde das crianças, do trabalhador e das mulheres”, disse Lula.
O presidente iniciou sua participação também se direcionando à oposição política que classificou como ‘fascistas e golpistas’. Lula ainda citou adaptação de frase atribuída ao poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973) e que o acompanha em momentos chave desde as eleições presidenciais de 1989.
“Os poderosos, os fascistas e golpistas podem matar uma, duas ou três margaridas, mas jamais evitarão a chegada da primavera. A vinda de vocês aqui hoje demonstra que só pensa em dar golpe quem não conhece a capacidade de homens e mulheres desse país”, disse o presidente.
Esta foi a sétima edição da Marcha das Margaridas, movimento que começou em 2000 e é batizado em homenagem à Margarida Maria Alves, ex-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande-PB. Ela foi assassinada em 1983 em represália a sua luta pela reforma agrária e contra os benefícios recebidos e desmandos praticados por latifundiários da região.
Em resposta às demandas do movimento, Lula assinou, antes do discurso, oito decretos presidenciais. Veja as medidas:
- Instituído o Programa Quintais Produtivos para promover a segurança alimentar das mulheres rurais;
- Retomada da Reforma Agrária com atenção a famílias chefiadas por mulheres;
- Instituída uma Comissão de Enfrentamento à Violência no Campo;
- Criação de Grupo de Trabalho Interministerial para construir o Plano Nacional de Juventude e Sucessão Rural — que oferecerá serviços públicos para a população jovem da agricultura familiar e ampliação das oportunidades de trabalho e renda para esse público;
- Programa Nacional de Cidadania e Bem Viver para as Mulheres Rurais com a retomada do Programa Nacional de Documentação da Trabalhadora Rural;
- Criação do Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios;
- Retomada da Política Nacional para os Trabalhadores Empregados, para fortalecer os direitos sociais desses operários;
- Retomada programa Bolsa Verde, que permite pagamento a famílias de baixa renda inseridas em áreas protegidas ambientalmente.