Brasília – O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse, ontem, em entrevista coletiva, que a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), subsidiária da Eletrobras, é responsável pela linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, no Ceará. que teve falhas e causou o apagão que atingiu 25 estados e o Distrito Federal na terça-feira. Após horas de blecaute, o ministro fez críticas à privatização da Eletrobras, realizada no governo Bolsonaro.
Ontem, ele disse também que o Operador Nacional do Sistema (ONS) confirmou que houve falha sistêmica e voltou a defender investigação da Polícia Federal (PF) sobre o caso. “Mais do que nunca, acho que é necessária a participação extremamente ativa da Polícia Federal nesse caso, já que o ONS não teve como apontar uma falha técnica que pudesse provocar um evento com a dimensão que teve, com a paralisação da energia no país”, afirmou.
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Ciochi negou, entretanto, que o blecaute tenha ligação com alta concentração de energias eólica e solar na região. “Alguns especialistas lembraram que, na Europa, há dois anos, houve apagão ocasionado pela queda sucessiva de energias eólica. Tudo isso já foi aproveitado aqui no Brasil. Nossos equipamentos hoje já têm normas mais seguras, os procedimentos e operação também”, garantiu.
Questionado sobre possibilidade de ação ou falha humana, Ciochi afimrou que nenhuma hipótese está descartada. “ONS é órgão técnico, o RAP é uma sequência de reuniões que são realizadas entre o ONS e agentes envolvidos. Faz análise técnica. Fator humano é fator analisado do ponto de vista técnico. Pode ter havido falha humana? Pode, mas hoje não podemos afirmar”, frisou Ciocchi.
O diretor-geral do ONS declarou ainda que o grande desafio na apuração das causas do apagão é desvendar por que um evento como esse, na linha de transmissão Quixadá/Fortaleza, que não deveria causar um apagão da magnitude do blecaute de teraç-feira, acabou gerando o episódio. “O propósito era identificar o evento zero a partir de onde essa propagação se originou. Diferentemente de outros eventos que já ocorreram, não tivemos raio, queda de torre, de linha ou qualquer evento relacionado à investigação no dia de ontem ”, destacou.
“Não é a abertura dessa linha que deveria explicar tudo que ocorreu essa é a intriga é uma linha pequena. Começamos do ano tivemos linhas que foram derrubadas e ninguém percebeu piscar de luz. Esse vai ser desafio do relatório: identificar por que o evento que não deveria ocasionar toda essa queda aconteceu, disse Ciocchi também. Segundo ele, o ONS ainda vai identificar por que a linha abriu em Quixadá e por que a abertura dessa linha ocasionou toda a reação em cadeia.
Em nota, a Eletrobras afirmou que detectou o problema na linha Quixadá-Fortaleza “milissegundos” antes do apagão nacional. Na linha do que disseram o ministro e o ONS, a Eletrobras declarou que isso, por si só, não poderia ter causado o apagão. “Ressalta-se que o desligamento da citada linha de transmissão, de forma isolada, não seria suficiente para a abrangência e repercussão sistêmica do ocorrido. As redes de transmissão do Sistema Interligado Nacional (SNI) são planejadas pelo critério de confiabilidade", afirmou a empresa.
O ministro da Justiça, Flávio Dino, informou que enviará à PF pedido de investigação sobre a origem da queda de energia. “Cabe à Polícia Federal abrir inquérito de ofício para apurar se houve qualquer ato criminoso no sistema de energia. Mais cedo, em comissão no Senado, o presidente da Petrobras garantiu que não houve falta de geração de energia. Segundo Jean Paul Prates, há um superávit de energia no país e classificou o episódio como blecaute”, afirmou Dino pelas redes sociais.