O economista Marcio Pochmann tomou posse ontem como presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Brasília. A cerimônia contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB). Os discursos no evento foram marcados por críticas à gestão do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL).
A nomeação de Pochmann aconteceu no fim de julho e foi motivo de atrito entre Lula e Tebet. O anúncio foi feito pela Secretaria de Comunicação e a ministra deu declarações manifestando surpresa com a escolha para o comando do instituto, que faz parte da estrutura do Ministério do Planejamento e Orçamento. No mesmo dia, a ex-senadora colocou panos quentes na situação, disse que não ‘prejulgaria’ a escolha e que faria uma reunião para conhecer o economista.
Em discurso de posse, Pochmann disse que assume o posto em momento de transformação que caracterizou como 'um novo mundo, um novo Brasil e um novo IBGE’. O economista ainda afirmou que sua gestão terá como desafio a recuperação do instituto após corte de gastos vivido na última legislatura. “A recuperação do IBGE é urgente e inadiável, após o vendaval tóxico e destrutivo dos anos recentes (...) (os anos anteriores) impuseram a realização do Censo Demográfico com um atraso de dois anos e com recursos orçamentários de apenas dois terços do total que havia sido comprometido em termos reais em 2010”, afirmou.
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Simone Tebet também discursou na cerimônia e falou em tom conciliatório sobre a escolha de Pochmann, afirmando que ‘não há dois caminhos’ e, citando Lula, disse que ‘todos caminhamos juntos para colocar o pobre no orçamento, erradicar a pobreza e garantir dignidade e cidadania ao povo brasileiro’. A ministra ainda falou sobre as recentes polêmicas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro, encalacrado em investigações relacionadas às joias sauditas e envolvimento com o 'hacker de Araraquara'
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“Graças ao trabalho da Polícia Federal e da CPI, podemos dizer que o cerco se fechou contra o ex-presidente da República. Ali está claro. Está apontado como autor, como mandante da tentativa de fraude às urnas eletrônicas, como tentativa de fraude à decisão sempre legítima do povo brasileiro de escolher seu sucessor. Ali estava a tentativa de violar, de atentar à democracia brasileira”, afirmou.
Tebet também citou uma frase de Ulysses Guimarães e disse que “traidor da Constituição é também traidor da pátria”. “Sei que o tempo é presente e os senhores sempre dizem é hora de mirar o futuro, mas não há como diante dessa semana tão decisiva da política brasileira não fazer uma referência especial ao que aconteceu neste momento”, disse.
Próximo de Lula
Marcio Pochmann é figurinha carimbada nos quadros petistas. Filiado ao partido desde os anos 1980, sua nomeação foi tratada como uma vitória de Lula em disputa interna no ministério comandado por Tebet, nome símbolo da ‘frente ampla’ formada pelo presidente nas eleições do ano passado.
Pochmann é formado em ciências econômicas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e é doutor pela Universidade de Campinas (Unicamp), onde também dá aulas. O economista já foi presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) entre 2007 e 2012, no segundo mandato de Lula na presidência da República.
Nos últimos anos, Pochmann atuou no partido coordenando o programa econômico da candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência. Em 2020, ele assumiu a presidência do Instituto Lula e, no fim do ano passado, integrou a equipe de transição no grupo de Planejamento, Orçamento e Gestão. (Com agências)