Jornal Estado de Minas

BRASÍLIA AOS PEDAÇOS

Atos golpistas: A ressaca do 8 de janeiro não acaba



O 8 de janeiro de 2023 tornou-se histórico no Brasil. Vai figurar nos livros como o dia em que vândalos bárbaros num surto coletivo e criminoso invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes da República numa tentativa desastrada de golpear a democracia. O patrimônio público foi recuperado (o que deu para salvar), muitos foram presos e estão sendo julgados, mas o patrimônio moral de Brasília sofreu e continua sofrendo grande abalo.





A operação da última sexta-feira serviu para reaquecer o fogo que arde em nós. Longe de mim julgar e condenar o alto escalão da Polícia Militar de Brasília antecipadamente. Mas as provas constantes na denúncia da Procuradoria-Geral da República, que motivaram a prisão de sete oficiais da força de segurança, por si só, já nos causam lamento, revolta e tristeza por Brasília e também pela grande parte da corporação que segue fazendo seu trabalho sem participar de tramas golpistas.

Segundo a denúncia, existia uma rede de desinformação entre os membros do alto comando, com o repasse de mensagens falsas que colocavam em xeque a lisura do processo eleitoral brasileiro, entre várias outras acusações. Ou seja, não foi apenas a omissão no dia 8 de janeiro. Houve conspiração antidemocrática antes mesmo do término do processo eleitoral.

Uma das polícias mais bem pagas e competentes do país entregue a um comando que se omitiu diante de informações de que o acampamento em favor de Bolsonaro concentrava extremistas e que ali era um ponto de organização para a prática de atos antidemocráticos voltados a garantir a permanência do ex-presidente no poder.





A justificativa de falhas operacionais e apagão de inteligência não colam mais, assim como não convenciam já no início das investigações. Incompetência, a gente sabe, não é o forte de Brasília. Temos um valoroso efetivo que já demonstrou seguidas vezes o quanto é capaz de atuar em situações desafiadoras. Mas é triste perceber que quem devia zelar pela nossa segurança cruzou os braços em nome de um alinhamento ideológico golpista.

Vai longe essa ressaca. Esperamos que a justiça seja feita e que nem o brasiliense, nem a própria corporação se tornem reféns eternos desse triste episódio. Que todos os responsáveis sejam punidos e que o governador Ibaneis Rocha faça escolhas sensatas e livres de viés ideológico para a nossa PM.