Jornal Estado de Minas

ENTREVISTA/CARLOS VIANA

Viana diz ter sido convidado por quatro partidos para disputar a PBH


De olho na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem, o senador Carlos Viana (Podemos-MG) diz que já recebeu convite de quatro partidos para concorrer como cabeça de chapa. “Há vários convites, pelo menos quatro de outros partidos, que querem a minha volta ou o meu ingresso. Estou no Podemos e pretendo ficar até que a gente tenha esgotado toda e qualquer possibilidade”, declarou.




 
Em entrevista ao Estado de Minas, o parlamentar falou sobre as eleições e sobre a votação da reforma tributária no Senado Federal, destacando a maturidade dos atuais colegas para aprovar o projeto, mas afirmou que esta pauta não é um mérito do atual governo. “O parlamento está maduro, pronto para votar e boa parte da reforma já estava pronta no governo anterior. Não é esse governo do PT que está fazendo uma reforma. Qualquer um que disser que é o presidente Lula que está fazendo não é verdade”, disse Viana.

Em abril, o senhor revelou ao EM que pretendia disputar a prefeitura de Belo Horizonte no ano que vem. Este continua sendo um objetivo?
Eu estou disposto a disputar a prefeitura. Naturalmente, não faço política sozinho. É uma questão de grupos de apoio. Vamos precisar analisar os partidos que estejam dispostos a se somar, os apoios que eu vou ter futuramente, mas o meu nome está colocado. Conheço Belo Horizonte, moro aqui há praticamente 50 anos. Como jornalista, conheço todos os bairros, todos os aglomerados, todas as salas de vila e favela. Eu tenho conhecimento.
 
E o senhor vai concorrer pelo Podemos ou por outra sigla?
Há vários convites, pelo menos quatro de outros partidos, que querem a minha volta ou o meu ingresso. Eu estou no Podemos e pretendo ficar até que a gente tenha esgotado toda e qualquer possibilidade. O Podemos em Minas tem uma dificuldade de controle, de comando. Tem uma tradição que está na mão de um ex-deputado e isso, naturalmente, gera uma dificuldade, mas não gera uma impossibilidade. Estou conversando com a direção do partido, que desejo competir pelo Podemos. Não quero ter a necessidade de trocar novamente. Partidos são uma obrigação. Se eu pudesse não ter partido para competir, eu preferia. Aí ninguém iria falar assim: "Está mudando muito de partido, né?".





Como está sendo a tramitação da Reforma Tributária no Senado Federal?
O parlamento está maduro, pronto para votar e boa parte da reforma já estava pronta no governo anterior. Não é esse governo do PT que está fazendo uma reforma. Qualquer um que disser que é o presidente Lula que está fazendo não é verdade. Isso é uma discussão que já vem de muitos anos e que o governo agora conseguiu colocar em eixo, mas que já estava pronta. Os técnicos do Ministério da Economia, que são de carreira, vinham trabalhando nessas possibilidades há bastante tempo.

O senhor destacaria algum ponto sobre a Reforma Tributária?
Há pontos que nós vamos ter que discutir com muita tranquilidade. Por exemplo, nós precisamos decidir a questão do peso dos estados arrecadadores. Já corrigimos a possibilidade de voto maior pelos estados de Sul e Sudeste, mas a gente ainda precisa deixar isso claro para que haja um equilíbrio entre quem contribui mais também tem um peso maior nas definições. Mas eu acredito que até outubro essas questões todas já estejam sendo discutidas e a gente possa votar a reforma.

Esta diferença entre as regiões foi mencionada pelo governador Romeu Zema recentemente e gerou uma grande polêmica. Qual sua análise a respeito?
Foi uma declaração infeliz, para um tema que precisa ser discutido. A forma como foi colocado é que, infelizmente, gera um trauma no país, que é a preocupação com qualquer ente de governo que tenha preconceito contra o Nordeste. Isso não é possível mais no Brasil moderno, mas a questão da contribuição por estado precisa ser discutida e dos benefícios, por exemplo. O Nordeste não é mais o mesmo Nordeste pobre de 50 anos atrás. O Nordeste hoje tem estados muito avançados, diminuiu muita a pobreza, tem grandes centros industriais. Então nós precisamos discutir os benefícios que foram dados a cinco décadas de um Nordeste de hoje, que, graças a Deus, é muito diferente.




 
O governo federal anunciou o Novo PAC, com 1,7 trilhão para o Brasil e R$ 171,9 bi para Minas Gerais. Como vê essas ações?
Eu acompanhei o orçamento nos últimos quatro anos. O orçamento que foi entregue ao governo, que está no Palácio do Planalto, é um orçamento organizado, enxuto, e que deixou o país numa situação muito boa. Estes R$ 2 trilhões são muito mais midiáticos do que possíveis de serem executados. Nós vamos poder fazer muita coisa, mas não a totalidade do que foi colocado ali. A meu ver, há uma espécie de programa para criar uma sensação de que as coisas estão caminhando muito bem, isso para mim é um erro. Tem que gerar na sociedade uma visão realista do que está acontecendo porque se gera um otimismo exagerado no momento em que precisa de um orçamento enxuto gera frustrações.
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