A visita de três ministros do governo Lula foi marcada por périplo de lideranças petistas mineiras em Belo Horizonte, ontem, com alinhamento do prefeito Fuad Noman (PSD) e ausência de Romeu Zema (Novo) em cerimônia de entrega de viaturas para as forças policiais do estado. Na agenda que durou todo o dia, estiveram em BH os ministros de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG); de Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino (PSB-MA); e Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias (PT-PI).
O primeiro compromisso do dia foi uma visita ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Taquaril, Leste de BH. Guiados pela coordenadora da unidade, Fuad e Wellington Dias conheceram as instalações acompanhados de extensa entourage petista. Ao final da visita, o ministro e o prefeito assinaram protocolo de intenções para a cooperação entre o governo federal e o município na área de desenvolvimento social.
Fuad e Dias discursaram no final da cerimônia com destaques elogiosos a Lula. Fuad chegou a reiterar o convite feito ao presidente para que venha a BH tratar sobre os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em obras no Anel Rodoviário. Antes que ambos fossem ao microfone, no entanto, falaram quadros históricos do PT mineiro. Entre os petistas presentes no Taquaril, estavam os vereadores Bruno Pedralva e Pedro Patrus, os deputados estaduais Leleco Pimentel e Macaé Evaristo e os deputados federais Rogério Correia, Patrus Ananias e Padre João. Também acompanhou a visita André Quintão, que foi candidato a vice-governador de Minas nas últimas eleições em chapa encabeçada por Alexandre Kalil (PSD), correligionário de Fuad.
A pouco mais de um ano das eleições municipais, Fuad ainda não oficializou sua candidatura à reeleição. O nome petista à prefeitura também é uma incógnita, mas Rogério Correia é um dos cotados. Questionado sobre a presença de diversos quadros petistas na cerimônia e a possibilidade de reedição de uma chapa PSD-PT em de 2024, Fuad agradeceu a parceria com os petistas, mas evitou comentar sobre o pleito.
“Temos tanta coisa para fazer até lá. Vamos deixar a eleição para o ano que vem. Este ano, temos que trabalhar muito e, graças a Deus, temos um apoio de deputados e de partidos diversos, inclusive do PT, que está aqui hoje. Para nós é uma alegria muito grande tê-los para nos ajudar a construir uma cidade melhor. Eleição fica para ano que vem”, afirmou.
Wellington Dias veio a BH em meio a incertezas relacionadas à reforma ministerial. A pasta chefiada pelo petista está na mira de partidos do Centrão, embora Lula já tenha dito que manterá o ministério sob o comando de aliados políticos e ideológicos. Em entrevista, o piauiense afirmou que segue focado à revelia da possibilidade de troca de cargo e que a orientação do presidente é para que siga “viajando e trabalhando”.
No início da tarde, os políticos deixaram o Taquaril rumo ao aeroporto da Pampulha, onde chegaram mais dois ministros, Alexandre Silveira e Flávio Dino. Em cerimônia de entrega de viaturas e anúncio de investimentos federais na segurança pública do estado em um novo e lotado hangar da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no terminal, foi notada a a ausência do governador Romeu Zema, que tinha o evento assinalado em sua agenda oficial.
Dino minimiza ausência de Zema
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, minimizou a ausência do governador Romeu Zema (Novo) durante sua presença em Belo Horizonte para anunciar recursos federais para Minas Gerais. Ele citou a presença do secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública, Rogério Greco. Dino, que foi governador do Maranhão, comentou também as declarações recentes de Zema sobre a necessidade de Sudeste e Sul formarem frente contra o Nordeste para tratar de verbas federais.
“Nós no governo federal seguimos a diretriz do presidente Lula de tratar todos os estados de modo igual. Portanto, não fazemos distinções partidárias. É claro que gostaríamos que o senhor governador aqui estivesse, mas o governo de Minas está representado pelo secretário de Segurança, pelo comandante da polícia. Tenho certeza que, em outros momentos políticos, quem sabe o governador possa fazer esse diálogo”, afirmou Flávio Dino.
“O que posso destacar e frisar é que o Ministério da Justiça e Segurança Pública está de portas abertas para o governador Zema todas as vezes que ele quiser lá comparecer para fazer pedidos em nome da população mineira, porque não distinguimos partidos. Aí depende dele. Da nossa parte, não consideramos que uma declaração que ele fez, e com a qual obviamente discordamos, seja motivo para que não haja essa relação institucional”, disse também o ministro da Justiça.
Wellignton Dias, que foi governador do Piauí, também não quis polemizar sobre a ausência de Zema. Disse apenas que a orientação do governo é tratar todos os estados da mesma maneira. “Da parte do governo Lula ninguém pode dizer que há diferença”, afirmou o ministro, que depois da cerimônia no aeroporto se encontrou com parlamentares estaduais e federais na Assembleia Legislativa. “A determinação dele [Lula] para cada ministério, cada equipe, cada empresa pública é trabalhar de forma integrada com os governos estaduais e municipais independente da política”, declarou também.
CRÍTICA
O ex-governador Fernando Pimentel, hoje presidente da Empresa Gestora de Ativos (Emgea), estatal federal, lamentou “como mineiro” a ausência de Zema e disse que falta ao seu sucessor “habilidade política para conviver com o governo federal”. “Ele pode fazer a oposição que quiser, mas aqui se tratam de interesses de Minas Gerais, dos mineiros e das mineiras”, afirmou Pimentel, que também fez questão de afirmar que no estado todos os nordestinos são sempre bem-vindos.
No início do mês, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Zema disse que Sul e Sudeste do país são preteridos em relação ao Norte e Nordeste em programas federais. O governador ainda comparou os estados nordestinos a “vacas menos produtivas” que recebem mais atenção dos criadores em detrimento das que produzem mais e recebem pouco em retorno, caso que estados do Sul e do Sudeste e sudestinos.
O anúncio do acordo de parceria entre o Ministério de Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome e a prefeitura de Belo Horizonte, segundo o Executivo, terá andamento com envio de um projeto de lei à Câmara Municipal de Belo Horizonte para que 10% das contratações de funcionários do município sejam de pessoas inscritas no CadÚnico do governo federal para programas sociais. BH tem 300 mil famílias inscritas no CadÚnico. Quase metade, 47%, vive com renda per capita menor que R$ 105 mensais, o que caracteriza extrema pobreza. O projeto facilita o ingresso dessa faixa da população no mercado de trabalho.
Na Pampulha, Dino assinou a entrega de 62 viaturas às forças de segurança mineiras. Além disso, anunciou o investimento de R$ 2,9 milhões em recursos do Edital Escola Segura, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp); a construção de uma Casa da Mulher Brasileira em Juiz de Fora, na Zona da Mata; a inauguração de hangar da PRF no Aeroporto da Pampulha; e o repasse de R$ 39 milhões oriundos do Fundo Nacional de Segurança Pública para o estado.
RECURSOS FEDERAIS PARA MINAS
Agenda dos ministros Flávio Dino e Wellington Dias em BH
Ministério da Justiça e Segurança Pública:
Entrega de 62 viaturas às forças de segurança de Minas Gerais
Investimento de R$ 2,9 milhões em recursos do Edital Escola Segura
Criação de uma Casa da Mulher Brasileira em Juiz de Fora
Inauguração de hangar da Polícia Rodoviária Federal no aeroporto da Pampulha: a corporação operará em conjunto com o Samu de Contagem para salvamentos em acidentes de trânsito
Repasse de R$ 39 milhões do Fundo Nacional de Segurança Pública ao estado (R$ 20 milhões já pagos e R$ 19 milhões previstos até o fim do ano)
Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome:
Assinatura de protocolo de intenções com a PBH, que enviará projeto à Câmara para que 10% das contratações terceirizadas de BH sejam de pessoas inscritas no CadÚnico.