Depois do depoimento de Walter Delgatti Neto na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura o 8 de janeiro, novos pedidos de quebra de sigilo e convocações para depoimento movimentaram o colegiado. Entre sexta-feira e ontem, pelo menos 93 requerimentos foram encaminhados, alguns relacionados a nomes citados pelo hacker na oitiva da semana passada, outros de integrantes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF).
No caso da PMDF, o colegiado quer ouvir alguns do integrantes da corporação que foram presos pela Polícia Federal (PF), na semana passada, por suspeita de contribuírem por ação ou por omissão nas invasões às sedes dos Três Poderes. Em relação à PRF, a CPMI pretende esmiuçar a atuação de vigilantes nos bloqueios às estradas no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
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Mas a relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pretende ligar o escândalo da venda de jóias, que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro, com os atos golpistas. Por conta disso, ela protocolou vários pedidos de quebras de sigilo telefônico e telemático de personagens ligados à venda dos presentes recebidos por Bolsonaro de autoridades sauditas — como o advogado Frederick Wassef, que "resgatou" o relógio Rolex para devolvê-lo ao patrimônio da União; o ex-ajudante de Bolsonaro Osmar Crivelatti, apontado pela PF como responsável por assinar a retirada da peça; o militar Luis Marcos dos Reis, que, de acordo com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), movimentou R$ 3,3 milhões e repassou parte para o tenente-coronel Mauro Cid (será ouvido na quinta-feira).
A senadora não respondeu até o fechamento desta edição que ligação enxerga entre o caso das jóias e o 8 de janeiro. Mas dos 47 requerimentos protocolados por ela, nem todos devem ser analisados — segundo pessoas próximas à relatora. Ao Correio, confirmaram que haverá "uma reunião prévia para discutir a pauta", hoje, antes da sessão.
Eliziane garantiu, logo após o depoimento de Delgatti, na quinta-feira, que a CPMI trabalharia para confrontar o depoimento do hacker. Por causa disso, o militar da reserva Marcelo Gonçalves de Jesus e o ex-assessor de Bolsonaro Marcelo Câmara — citados pelo estelionatário no esquema de adulteração do código-fonte das urnas eletrônicas — foram alvo dos pedidos de quebra de sigilo telefônico e telemático, e da solicitação de convocação.