Em meio a internações médicas e alvo de investigações no Judiciário, na Polícia Federal e no Congresso Nacional, a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Belo Horizonte, na próxima segunda-feira está movimentando as redes sociais de aliados e opositores. Enquanto correligionários ajudam a organizar e divulgar a agenda, grupos se programam para realizar protestos - contra e a favor na porta da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), onde Bolsonaro vai receber o título de cidadão honorário do estado, às 17h.
Segundo aliados, ele receberá a honraria das mãos do governador Romeu Zema (Novo), mas o chefe do Executivo estadual ainda não confirmou essa informação. A assessoria de imprensa do deputado federal Domingos Sávio, que assumirá a presidência do Partido Liberal (PL) em Minas Gerais na segunda-feira, disse que Bolsonaro virá a BH, entretanto, a assessoria do ex-presidente não retornou o contato da reportagem para confirmar a informação.
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Filho de Bolsonaro, Jair Renan é alvo de busca e apreensão pela políciaBolsonaro teria compartilhado mensagens contra o STF e sobre 'guerra civil'Deputada sobre homenagem a Bolsonaro na ALMG: 'Placa não é de ouro'Câmara de BH recebe pedido de cassação de Wilsinho da TabuBolsonaro apresenta extratos bancários ao STF, mas pede sigiloA divulgação do ato, feita na página da organização, incomodou apoiadores de Bolsonaro, que se organizam em um grupo de WhatsApp para ir ao mesmo local protestar a favor do ex-presidente. “Nós nos reuniremos na Assembleia Legislativa, a partir das 15h. A turminha aí, os pelegos da esquerda, já estão se articulando para fazer um protesto. Então, nós iremos para lá dar o nosso apoio a Bolsonaro”, disse, em áudio, Cristiano Reis, um dos administradores do grupo “Fora Lula”.
O Estado de Minas entrou em contato com a Polícia Legislativa e com a Polícia Militar para pedir informações sobre os protocolos de segurança que serão adotados durante a visita de Bolsonaro e nas manifestações programadas. “Sempre que solicitada, a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) apoia os órgãos responsáveis pela escolta de dignitários, bem como de autoridades em geral. A instituição acompanha e promove, dentro da sua missão constitucional, o policiamento para a garantia da incolumidade pública”, disse a corporação, sem entrar em detalhes.
Com previsão de chegada à capital mineira pela manhã, Jair Bolsonaro também deve visitar uma instituição católica, almoçar com aliados e, no começo da tarde, participar da posse de Domingos Sávio no comando da legenda, antes de seguir para a Assembleis Legislativa.
“Exatamente aqui, neste plenário, o governador Romeu Zema vai estar entregando este importante título ao (ex-) presidente Bolsonaro. A cerimônia vai ser às 17h. Aguardamos todos vocês“, disse o deputado estadual Bruno Engler (PL), ontem, em um vídeo gravado na Assembleia. A honraria foi proposta pelo deputado estadual Coronel Sandro (PL), em 2019, e aprovada pelos colegas no mesmo ano, que era o primeiro de Bolsonaro como presidente.
O parlamentar afirmou que o PL nacional entende a importância de Minas Gerais e trabalha em diálogo constante com Bolsonaro e o presidente da sigla, Valdemar Costa Neto, que exercem papel fundamental nas articulações das eleições municipais de 2024. “É de nosso interesse essa proximidade com a executiva nacional para que estejamos sempre alinhados”, ponderou Sávio.
INTERNAÇÃO
Entre quarta-feira e ontem, Bolsonaro ficou internado em São Paulo, para realizar exames de rotina. De acordo com o advogado Fabio Wajngarten, o ex-presidente esteve no hospital Vila Nova Star para ser cuidado pelos médicos Maurício Wajngarten e Antonio Macedo. A internação ocorreu um dia depois que Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e pessoas ligadas a ele foram intimadas pela Polícia Federal (PF) a prestar depoimentos no próximo dia 31.
Os exames são preliminares para três procedimentos cirúrgicos aos quais o ex-presidente deve ser submetido em setembro relacionados com a facada sofrida por ele durante a campanha eleitoral de 2018. “Referidos exames têm por objetivo avaliar sua condição clínica, principalmente no sistema digestivo, tráfego intestinal, aderências, hérnia abdominal e refluxo”, disse o advogado, em nota.
A assessoria do ex-presidente, no entanto, ainda não deu detalhes sobre os exames ou quais procedimentos cirúrgicos serão feitos. Em decorrência do atentado sofrido em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, Bolsonaro já passou por quatro cirurgias. O retorno a Belo Horizonte ocorrerá dois meses depois da última visita, em 30 de junho, quando Bolsonaro participou do velório do ex-ministro da Agricultura Alysson Paolinelli. Foi na capital mineira que o ex-presidente reagiu à condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que por cinco votos a dois, o tornou inelegível até 2030.